Planeta errante cresce à velocidade impressionante de 6 bilhões de toneladas por segundo

há 6 dias 4
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Uma nova pesquisa desenvolvida pela Universidade de St. Andrews, na Escócia, revelou um "surto de crescimento" dramático em um misterioso planeta errante que está a 620 anos-luz de distância da Terra. Ao contrário daqueles que compõem o nosso Sistema Solar, os planetas errantes não estão vinculados a estrelas e, assim, flutuam livremente pelo espaço. E é justamente isso o que torna esta descoberta tão importante, já que possibilita preencher a lacuna de conhecimento que temos sobre tais corpos celestes.

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As observações foram feitas a partir do instrumento Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO) e publicadas na quinta-feira (2) como um artigo científico na revistaThe Astrophysical Journal Letters. Elas revelam que este planeta flutuante está consumindo gás e poeira de seus arredores a uma taxa de seis bilhões de toneladas por segundo – a maior velocidade já registrada por um planeta de qualquer tipo.

Veja, abaixo, vídeo produzido pelos especialistas:

O objeto é uma massa de cinco a dez vezes a de Júpiter, está localizado a cerca de 620 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Camaleão, e foi nomeado como Cha 1107-7626. Ainda em formação, ele é alimentado por um disco circundante de gás e poeira, que cai constantemente sobre o planeta flutuante, em um processo conhecido como acreção.

No entanto, a equipe, composta por nove instituições de pesquisa em toda a Europa, descobriu agora que a taxa de acreção do jovem planeta não é constante. De acordo com os seus cálculos, em agosto de 2025, o planeta estava se acumulando cerca de oito vezes mais rápido do que alguns meses antes, a uma taxa de seis bilhões de toneladas por segundo.

Essa descoberta veio à tona com a ajuda do espectrógrafo X-shooter, montado no VLT, o qual encontra-se no deserto do Atacama, no Chile. A equipe também utilizou dados do Telescópio Espacial James Webb, operado pelas agências espaciais dos Estados Unidos, Europa e Canadá, e dados de arquivo do espectrógrafo SINFONI.

 ESO Localização no céu do planeta errante Cha 1107-7626 (luz visível) — Foto: ESO

Formação dos planetas errantes

As descobertas feitas pelos pesquisadores indicam que pelo menos alguns planetas errantes podem compartilhar um caminho de formação semelhante ao das estrelas. Isso porque surtos semelhantes de acreção já foram observados em estrelas jovens antes.

“Nosso achado confunde a linha entre estrelas e planetas e nos dá uma espiadinha nos primeiros períodos de formação de planetas errantes”, explica Belinda Damian, astrônoma da Universidade de St. Andrews e coautora do artigo, em comunicado à imprensa. Ao comparar a luz emitida antes e durante a explosão, os astrônomos reuniram pistas sobre a natureza do processo de acreção.

 ESO Localização no céu do planeta rebelde Cha 1107-762 (infravermelho) — Foto: ESO

Notavelmente, a atividade magnética parece ter desempenhado um papel na condução do dramático aumento de massa, algo que só havia sido observado em estrelas antes. Isso sugere que mesmo objetos de baixa massa podem possuir fortes campos magnéticos capazes de alimentar tais eventos de acreção.

Os cientistas também descobriram que a química do disco ao redor do planeta mudou durante o episódio de acreção, com vapor d'água sendo detectado durante ele, mas não antes. Esse fenômeno já havia sido observado em estrelas, mas nunca em um planeta de qualquer tipo.

Planetas flutuantes são difíceis de detectar, pois são muito tênues, mas o futuro Telescópio Extremamente Grande (ELT) do ESO, operando sob os céus mais escuros do mundo para a astronomia, pode mudar isso. Seus poderosos instrumentos e seu gigantesco espelho principal permitirão aos astrônomos descobrir e estudar mais desses planetas solitários, esperam os autores.

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