Mulher apontada como “serial killer” confessa ter matado homem e ficado com corpo da vítima por 5 dias Estudante apontada como serial killer de SP e do RJ confessa ter matado homem e ficado com corpo da vítima por 5 dias (Divulgação/Polícia Civil)

há 4 dias 3
ANUNCIE AQUI

Ana Paula Veloso Fernandes, acusada pela Polícia Civil de São Paulo de ser uma serial killer, admitiu ter assassinado Marcelo Hari Fonseca na noite do dia 26 de janeiro. Em depoimento divulgado pelo jornal O Globo nesta segunda-feira (13), ela contou ter esfaqueado a vítima e deixado o corpo em sua casa por cinco dias.

Ana Paula relatou ter dado uma facada em Marcelo após uma discussão e supostas ameaças que ele teria feito à sua família. Porém, segundo os peritos da PC, não foi encontrado nenhum sinal de violência externa no corpo da vítima. As investigações apontaram que este foi o primeiro dos quatro assassinatos que a estudante de Direito teria cometido.

À polícia, Ana Paula disse que ela e a irmã, Roberta, haviam pago R$ 2 mil para ficarem nos fundos da casa de Marcelo. Eles se mudariam com dois adolescentes, filhos das duas, e mais alguns cães. Pouco depois, o homem teria ameaçado o filho da universitária e tentado entrar na área que seria reservada a ela e aos jovens.

Posteriormente, eles teriam discutido. “Ele se sentou no sofá e ficou com os braços abertos, falando um monte de coisa na minha cara. Aí dei uma facada nele debaixo da axila direita”, descreveu a suspeita. Questionada se Marcelo reagiu, ela respondeu: “Ele olhou, levou um susto. Parece que não tinha percebido que tinha levado uma facada. Eu saí, enrolei a faca e escondi”.

Marcelo Hari Fonseca foi a primeira vítima de Ana Paula segundo a denúncia. (Foto: Reprodução/ g1)

Continua depois da Publicidade

Ana Paula acrescentou que cobriu a entrada da sala com um lençol para o filho e sobrinha não verem Marcelo ferido. A faca foi descartada no dia seguinte em um bueiro. Ana Paula disse que só contou ao adolescente sobre o ocorrido quando ele reclamou do mau cheiro vindo da sala. Ela contou ter aberto o lençol no terceiro dia e visto que a vítima estava morta e na mesma posição desde domingo.

“Esperei passar uns dias e vi que ele não chamou a polícia ou foi ao médico. Só que começou a feder muito. Aí meu filho falou: ‘Mãe, meu Deus, está fedendo demais’. Eu vi os bichinhos andando lá na frente atravessando a parede”, narrou.

A suspeita, então, ligou para a central 190, por volta das 17h de 31 de janeiro, que enviou uma viatura até o local. A interação foi gravada pelas câmeras corporais dos policiais que foram checar a ocorrência. Em imagens divulgadas pelo “Fantástico”, Ana Paula apareceu na rua e se apresentou como “inquilina” de Marcelo.

Continua depois da Publicidade

Ela contou que há dias não conseguia contato com ele. Depois, quando ouviu da PM que o vizinho estava morto, expressou espanto e sorriu. A universitária só confessou o crime na delegacia meses após ser presa.

A gravação dos agentes também registrou Marcelo no sofá de casa, com o corpo em estágio já avançado de decomposição. Pelas imagens, é possível ver os policiais militares comentando que um “cheiro podre” chegava na calçada.

Ana Paula recebeu os agentes e abriu a porta da residência. Como o local estava escuro, a suspeita saiu e retornou com uma lanterna e uma máscara cirúrgica. Também é vista uma grande quantidade de moscas voando no lugar.

As vítimas: Marcelo Hari Fonseca, Neil Corrêa da Silva, Maria Aparecida Rodrigues e Hayder Mhazres, respectivamente. (Foto: Reprodução/ g1)

Continua depois da Publicidade

A policial comentou com seu colega que o corpo está “podríssimo” e vai até Ana Paula comunicar que o homem está morto. Ela demonstra surpresa e pergunta: “O que houve?”. “Eu lá vou saber?”, respondeu a agente. Em seguida, as imagens da câmera corporal captam a estudante de Direito sorrindo por um breve momento. Rapidamente, ela muda o semblante e leva as duas mãos no rosto aparentando estar surpresa.

Enquanto a PM chamava seus superiores e contava o que encontrou, Ana Paula se sentou na calçada, próximo da entrada de sua casa. A agente chegou a perguntar se a mulher tinha algum contrato com a vítima para tentar identificá-la por CPF ou RG. Ela, por sua vez, negou. “Só tenho o PIX dele. Ele me deu o nome de Alan, mas a moça da livraria disse que era Marcos”, informou.

Continua depois da Publicidade

“Ai, estou até passando mal. Nem sei se meus cachorros estão vivos”, soltou, posteriormente. A policial continuou a conversa com Ana Paula, que se contradisse. A PM estranhou ela ter comentado que não sabia se os cães estavam bem, e perguntou se a mulher não esteve em casa nos últimos dias. Ela então respondeu que esteve, mas “passou direto”.

“É que, assim, ele arruma confusão direto. A casa é dividida em dois. Eu achei que o cheiro fossem fezes, porque tem até uma garrafa de urina ali. Eu chamei a polícia tem três dias, porque [Marcelo] mostrou a arma para ele [ela aponta para um adolescente], mas vieram aqui e disseram que não poderiam entrar”, justificou.

Continua depois da Publicidade

Queima de provas

Nos dias seguintes, Ana Paula se filmou queimando o sofá onde Marcelo foi encontrado morto. Conforme as investigações, ela fez isso para tentar eliminar quaisquer provas. Nas imagens, ela chegou a dizer que estava colocando fogo para “tirar odores” e para “limpar a sala”.

A universitária também afirmou que a família da vítima só foi ao local para pegar dinheiro e não cuidar do imóvel. A versão, no entanto, foi rebatida pelos parentes de Marcelo, que informaram ter entrado com uma ação de reintegração de posse. Eles alegam que Ana Paula impediu a entrada da filha e do irmão do homem, dizendo que tinha pago o aluguel, embora não tenha mostrado nenhum comprovante. A mulher ainda teria ameaçado todos, argumentando ser “do Comando Vermelho” do Rio.

Ana Paula foi vista sorrindo após policial confirmar a morte de Marcelo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Família fez pedido à Justiça

A Polícia Civil só ligou o óbito de Marcelo a Ana Paula quando a filha da vítima procurou a Justiça. O inquérito fora arquivado por não haver indícios de autoria do crime e pela impossibilidade de realizar exames complementares devido ao estado de putrefação do corpo.

Continua depois da Publicidade

O advogado Fabio Gerdulo, que representou a filha de Marcelo, pediu a reabertura do caso e apresentou mais provas que poderiam ligar a estudante de Direito ao delito. No dia seguinte à morte do senhorio, a filha dele foi ao local e encontrou a casa fechada com cadeado.

De acordo com Gerdulo, Ana Paula teria dito que era inquilina, mas não apresentou nenhum contrato, comprovante de pagamento nem troca de mensagens com a vítima sobre o aluguel. Ela teria ainda passado a ameaçar a família, dizendo-se ser advogada e que “era da favela do Rio de Janeiro”. Também teria alertado que, “caso insistissem em adentrar na residência, algo de ruim iria acontecer com eles”.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques

Ler artigo completo