Moléculas que dão origem à vida são detectadas no gelo fora da Via Láctea pela 1ª vez

há 2 dias 3
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A descoberta de vida extraterrestre continua sendo apenas ficção científica. Mas, na vida real, avanços tecnológicos e acadêmicos têm levado a humanidade a crer que não está sozinha no universo. Recentemente, astrônomos encontraram componentes básicos para a vida no gelo ao redor de uma protoestrela, chamada ST6, que fica na galáxia Grande Nuvem de Magalhães.

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O estudo foi publicado no último dia 20 de outubro no periódico Astrophysical Journal Letters. É a primeira vez que moléculas orgânicas complexas (MOCs) – isto é, moléculas que possuem pelo menos seis átomos, sendo um deles de carbono – são detectadas em gelo fora da Via Láctea. A descoberta tem potencial de reformular a compreensão científica sobre como os compostos químicos compatíveis com a existência da vida estão espalhados pelos cosmos.

Com o apoio da Nasa, a equipe utilizou o instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do Telescópio Espacial James Webb (JWST) para observar os compostos. Em comunicado, Marta Sewilo, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, contou que a sensibilidade e a alta resolução do equipamento foram fundamentais para a descoberta. “A qualidade de nossas novas observações nos ajudou a reunir uma quantidade imensa de informações a partir de um único espectro, mais do que jamais tivemos antes”, disse.

 Wikimedia Commons O espectro ST6 é uma protoestrela, ou seja, uma estrela jovem e em formação, que ainda está coletando massa de uma nuvem de gás e poeira interestelar — Foto: Wikimedia Commons

A uma distância de 160 mil anos-luz do nosso planeta, a equipe identificou cinco moléculas orgânicas também encontradas na Terra que circundavam a jovem estrela. Entre elas, estavam o metanol e o etanol, tipos comuns de álcool.

Também foram encontrados o metanol formato de metila e o acetaldeído – usados ​​principalmente como produtos químicos industriais –, bem como o ácido acético, principal componente do vinagre.

Trata-se da primeira vez que o metanol, o etanol, o metanol formato de metila e o acetaldeído foram encontrados fora da Via Láctea. Quanto ao ácido acético, é a primeira vez que o composto foi oficialmente encontrado no gelo em qualquer lugar do espaço.

 Wikimedia Commons A Grande Nuvem de Magalhães serve como um laboratório natural para estudar a formação de estrelas em condições semelhantes às do universo nos seus primórdios — Foto: Wikimedia Commons

A equipe também descobriu gliceraldeído, uma molécula relacionada aos componentes do RNA, sobretudo aos açúcares que compõem o material genético. Os cientistas alertaram ser necessário que outras investigações sejam feitas sobre o assunto antes de quaisquer conclusões.

O que revelam as moléculas recém-encontradas

“O ambiente de baixa metalicidade, ou seja, a abundância reduzida de elementos mais pesados ​​que hidrogênio e hélio, é interessante porque se assemelha a galáxias de épocas cosmológicas anteriores”, observa Sewilo.

Segundo a astrônoma, o que aprendemos na Grande Nuvem de Magalhães podemos aplicar à compreensão dessas galáxias mais distantes, de quando o universo era muito mais jovem. "As condições adversas nos revelam mais sobre como a química orgânica complexa pode ocorrer nesses ambientes primitivos", afirma.

Além disso, os achados fornecem evidências sobre a origem das moléculas fundamentais para a vida, que podem se formar em ambientes tão hostis quanto o universo primitivo. Ao que tudo indica, esses "blocos" essenciais poderiam sobreviver à evolução dos sistemas planetários e, posteriormente, ser assimilados aos planetas primitivos, uma vez formados, onde a vida poderia florescer.

Sewilo planeja expandir este trabalho para incluir mais protoestrelas tanto na Grande Nuvem de Magalhães quanto na Pequena Nuvem de Magalhães, a galáxia mais próxima da Terra. “Atualmente, temos apenas uma fonte na Grande Nuvem de Magalhães e apenas quatro fontes com detecção dessas moléculas orgânicas complexas em gelos na Via Láctea. Precisamos de amostras maiores de todas as fontes para confirmar nossos resultados iniciais, que indicam diferenças nas abundâncias de MOC entre essas duas galáxias”, concluiu.

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