Os chimpanzés, assim como os bonobos, são os animais geneticamente mais próximos dos humanos, compartilhando cerca de 98,8% do nosso DNA. Mas, para além das características físiológicas, uma nova pesquisa publicada na revista científica Science sugere que esses primatas têm também uma forma de pensar mais parecida com a espécie humana do que se pensava.
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O estudo, publicado em 30 de outubro e intitulado “Chimpanzés revisam racionalmente suas crenças”, defende a teoria de que os animais podem reformular suas opiniões e crenças ao serem confrontados com informações que as contestam. Esse exercício mental é visto como intrínseco do pensamento racional atribuído a humanos.
Escolhas na reformulação de crenças
A investigação se baseou em experimentos com chimpanzés do Santuário de Chimpanzés da Ilha Ngamba, em Uganda (África). O teste era simples: apresentados a duas caixas – uma com comida e outra sem –, os primatas deveriam escolher uma delas, já com pistas sobre qual seria a certa.
Após o registro dessas escolhas, os pesquisadores fizeram novamente o experimento, mas oferecendo pistas de que a caixa com a recompensa agora seria a outra. Grande parte dos resultados foram chimpanzés mudando suas opções.
“Os chimpanzés foram capazes de revisar suas crenças quando surgiram evidências melhores. Esse tipo de raciocínio flexível é algo que geralmente associamos a crianças de quatro anos. Foi empolgante mostrar que os chimpanzés também conseguem fazer isso”, diz Emily Sanford, pesquisadora em Psicologia na Universidade da Califórnia em Berkeley e uma das autoras do estudo, em comunicado.
Uma outra semelhança entre humanos e chimpanzés é que os laços sociais dos animais também podem durar a vida inteira, mesmo após a independência de filhotes — Foto: Sabana Gonzalez/Social Origins Lab Os pesquisadores usaram ferramentas que descartaram explicações mais simples para as decisões dos chimpanzés, como reagir ao estímulo mais recente ou à pista mais óbvia. Modelos computacionais também foram utilizados para testar como as escolhas dos primatas se alinhavam a diferentes estratégias de raciocínio.
Novas percepções de aprendizado
“A diferença entre humanos e chimpanzés não é um salto categórico. É mais como uma continuidade”, afirma Sanford, que enxerga o estudo muito além de apenas uma investigação sobre a aptidão cognitiva desses primatas.
Ela defende que compreender como os primatas raciocinam pode transformar a forma como pensamos sobre aprendizagem infantil e criação de sistemas de inteligência artificial.
A ideia é que o projeto de pesquisa avance para testes em crianças entre 2 a 4 anos, de forma a observar as reações delas ao serem expostas aos mesmo testes feitos com chimpanzés. Outras espécies de primatas também estão no radar dos pesquisadores para a criação de um “mapa comparativo das habilidades de raciocínio ao longo dos ramos evolutivos”.

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