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O Brasil tem adotado soluções próprias para implantar redes privativas em indústrias, fazendas, eventos e comunidades. A abordagem combina espectro dedicado, infraestrutura compartilhada, MVNOs com core próprio, ISPs regionais e soluções híbridas, sempre adaptadas à realidade de cobertura desigual e escala continental do país.
Essa foi a principal conclusão do painel “Redes Privativas na Indústria: Automação, Segurança e Produtividade”, do evento IoT, MVNOs e Redes Privativas, realizado pelo Tele.Síntese hoje, 19, em São Paulo. O debate reuniu executivos da Telebit Brasil, Surf Telecom, TIP Brasil, Arqia e KPMG, com mediação de Luiz Henrique Barbosa, presidente executivo da TelComp.
Soluções híbridas com espectro e operadoras ganham força no país
Para a Telebit, que atua como integradora, o diferencial brasileiro está na liberdade para arquiteturas híbridas. “O mercado brasileiro proporciona o uso do espectro e, em paralelo, ter uma operadora como backup”, afirmou Derlaine Castanho, CBO da empresa. Ela destacou a importância de integradores com parcerias globais e abordagem agnóstica: “É essencial que o integrador ofereça um leque de possibilidades, e não um portfólio fechado”.
MVNOs com core próprio ampliam cobertura industrial e rural
Atila Leão Flores Xavier, CTIO da Surf Telecom, explicou que a empresa atua como habilitadora de redes para MVNOs e vê crescimento da demanda por redes privativas em aplicações de IoT. Mas fez um alerta: “Às vezes a empresa acha que precisa de rede privada, mas o problema real é ausência de conectividade pública”.
Ele também reforçou a necessidade de redundância: “Não conheço nenhuma rede de telecom que funcione sem redundância. Ter um só core é o mesmo que não ter nenhum”.
ISPs lideram a chegada da conectividade à ponta
Na TIP Brasil, o foco está no atendimento via ISPs. “Nenhum projeto nosso de rede privativa começou do zero. Todos surgiram a partir da demanda por conectividade móvel”, afirmou Cristiano Alves, diretor comercial da empresa. Ele citou como exemplo a instalação de redes FWA e 5G locais em parceria com Unifique e IEZ, a partir de projetos de telefonia móvel e MVNO.
País desenvolve alternativas para atender comunidades com rede própria
Daniel Fuchs, diretor de inovação da Arqia, destacou os limites regulatórios da rede privativa tradicional: “A comunidade não quer só se comunicar entre si. Ela quer acesso à internet”. Ele explicou que o Brasil criou uma arquitetura própria de MVNO com core redundante, algo raro no exterior: “Temos muito a ensinar para outros países”.
Fuchs defendeu o avanço da padronização no setor: “Só teremos internet das coisas de fato quando os dados forem integrados entre equipamentos, setores e redes”.
Redes privativas conectam minas, fazendas e grandes eventos no Brasil
Luiz Sávio, sócio da área de operações digitais da KPMG no Brasil, compartilhou experiências em operações com caminhões autônomos na mineração, que exigem comunicação contínua mesmo em ambientes de geografia hostil: “Falhas de cobertura inviabilizam projetos. Vimos que o sombreamento da rede era um dos principais problemas de eficiência”.
Ele também relatou projetos de rastreabilidade na pecuária com dispositivos IoT, em que a ausência de conectividade afeta desde o controle sanitário até operações financeiras: “Sem comunicação, o banco não consegue garantir o gado em contratos de financiamento”.
Os participantes foram unânimes ao afirmar que as soluções brasileiras nascem da cooperação entre MVNOs, ISPs, integradores, consultorias e usuários finais. “A operação só se sustenta quando todos os atores do ecossistema ganham uma parcela do modelo”, concluiu Sávio.

há 5 dias
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