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Ansiedade, impulsividade e hiperatividade tem mais chances de aparecer em meninas adolescentes que tenham comido muito durante a fase de pré-escola. É o que revela um estudo feito por pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, e publicado na revista científica BMC Pediatrics.
Para fazer a pesquisa, a equipe analisou dados sobre o padrão alimentar de 2.014 crianças — desde a infância até os 15 anos de idade. As mães responderam um questionário sobre os hábitos alimentares de suas filhas. Posteriormente, os participantes responderam uma Avaliação de Saúde Mental.
Os dados indicaram que hábitos alimentares na infância podem desencadear problemas na saúde mental durante a adolescência — algo observado apenas em meninas. Entretanto, a equipe ressalta que os resultados demonstram apenas associações, e não existe uma comprovação clara sobre a alimentação causar problemas de saúde mental no futuro.
“Comer demais ocasionalmente é normal. Mas se uma criança come demais com frequência, isso pode ser um sinal de problemas emocionais”, disse Linda Booij, autora do estudo e professora do Departamento de Psiquiatria da McGill, em comunicado. “A resposta não é restrição. Na verdade, o controle rigoroso pode piorar a situação e até aumentar o risco de transtornos alimentares. Em vez disso, pais e cuidadores também devem prestar atenção ao bem-estar emocional das crianças.”
Segundo Booij, fatores socioculturais podem ter levado a diferença entre os resultados observados em meninos e meninas. "Pode ser que os pais, às vezes, monitorem a alimentação das meninas com mais atenção do que a dos meninos, e ambientes restritivos podem estar associados a um risco maior de transtornos alimentares mais tarde na vida. O contexto social em torno dos hábitos alimentares das meninas pode explicar, em parte, por que comer em excesso está associado a dificuldades futuras para elas", explica.
Alguns padrões alimentares foram identificados pela equipe, aproximadamente 60% não apresentaram compulsão alimentar; cerca de 14% exibiram sinais de hábitos excessivos na alimentação quando crianças, em torno de 2 e 4 anos de idade e 26% demonstraram comportamentos tardios de compulsão alimentar, por volta dos 4 anos de idade.
A equipe observou que meninas com compulsão alimentar na infância, tinham maior probabilidade de apresentar sintomas de ansiedade, hiperatividade e impulsividade na adolescência, em torno dos 15 anos. Aproximadamente um terço das crianças apresentaram seletividade alimentar — algo que foi perpetuado durante a infância.
A seletividade alimentar não apresentou associações com problemas de saúde mental durante a adolescência. Booij ressalta que a seletividade surge em um período de desenvolvimento infantil e que não sinaliza problemas comportamentais ou emocionais no futuro do indivíduo. No entanto, pode ser motivo de preocupação para os pais, caso o comportamento de seletividade persista levando a problemas na nutrição e no crescimento da criança.