Logicalis: eficiência e experiência do cliente serão focos para TICs em 2026

há 1 semana 8
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Estudo LogicalisApresentação do IT Trends Snapshot de 2025, em São Paulo. Foto: Mara Matos

O cenário macroeconômico aponta para um 2026 um pouco mais conservador em novos projetos no setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC), mas com uma aceleração forte voltada para eficiência, processos e experiência do cliente.

É o que indicam previsões do estudo IT Trends Snapshot 2025, apresentado pela Logicalis nesta quinta-feira, 13O estudo, realizado com 129 executivos de tecnologia de empresas brasileiras entre agosto e setembro de 2025, mostrou que a busca por eficiência operacional está no topo das prioridades empresariais (67% dos executivos apontam essa meta como de alta prioridade).

Mas o dado que mais chama atenção é a ascensão da experiência do cliente (CX), que subiu da quarta para a segunda posição, com 59% das citações. Esse movimento indica uma maturidade crescente na forma como as organizações enxergam a transformação digital: não basta automatizar processos, é preciso melhorar a jornada e o relacionamento com o usuário final.

Além disso, 57% das empresas destacam a otimização de processos críticos de negócio já existentes como prioridade imediata, reforçando a tendência de modernizar antes de expandir.

Durante a apresentação, foi citado o case da Algar, que desenvolveu em parceria com a Logicalis uma jornada de implementação de inteligência artificial, que contou até com a criação de uma assistente virtual para o atendimento à sua base clientes corporativos (B2B).

Outra iniciativa de negócios importante, destacada no estudo, inclui acelerar a jornada de transformação digital (41%). Estratégias voltadas à criação de novas receitas (33%), à expansão da capacidade de produção ou operação (30%) ou à expansão geográfica (13%) ficam em segundo plano, evidenciando uma postura mais conservadora e orientada à sustentabilidade operacional.

Segurança da informação

Na esfera tecnológica, a segurança da informação disparou como a principal prioridade, sendo considerada de alta relevância por 80% dos executivos (um salto expressivo em relação aos 58% da edição anterior do estudo).

"A pauta de segurança da informação, pela nossa vivência, percebemos que vem ganhando uma visibilidade enorme. Muitas vezes o CISO [Chief Information Security Officer] está sendo convidado para participar dos conselhos das empresas, dada a inclusão do tema na matriz de risco", destacou a CRO da Logicalis Brasil, Claudia Muchaluat.

A automação de processos (49%) e os projetos de inteligência artificial e machine learning (42%) completam o topo da lista, compondo um tripé que combina proteção, produtividade e inovação.

A ascensão da segurança como eixo central reflete a crescente complexidade dos ambientes híbridos e a proliferação de ameaças baseadas em IA. Para 60% dos executivos, ataques de engenharia social apoiados em deepfakes e simulações de voz representam o principal risco cibernético atual, seguidos por phishing hiperpersonalizado (56%) e automação de ataques via agentes maliciosos de IA (55%).

No entanto, uma incongruência é apontada: a pesquisa mostra que a maturidade organizacional em segurança ainda é limitada. Apenas 29% das empresas contam com um CISO dedicado, embora o índice suba para 50% entre as corporações com faturamento acima de R$ 1 bilhão.

Já a presença de SOC (Security Operation Center) está presente em 50% das empresas, chegando a 72% nas grandes.

Também persiste o desafio de integração entre ferramentas e políticas. Metade das empresas adota múltiplas soluções especializadas, enquanto 43% preferem plataformas únicas e integradas. O resultado é um dilema entre profundidade e simplicidade: quanto maior a especialização, maior também a complexidade operacional.

Inteligência artificial

A IA foi um dos temas mais citados pelos executivos. Para 70% dos líderes, sua adoção nas empresas ocorre mais por modismo e medo de ficar para trás do que por uma estratégia consolidada. Apenas 30% afirmam ter planos estruturados para capturar valor.

O estudo indica que a barreira de IA é mais cultural do que tecnológica. Comprova-se pela constatação de que 87% dos entrevistados concordam que "a produtividade com IA depende mais da cultura da empresa do que da tecnologia em si".

Além disso, 73% não observam ganhos concretos de performance com a adoção de IA, e 74% consideram que cursos online não são suficientes para capacitar colaboradores.

A falta de governança específica para IA também é uma realidade. Três em cada quatro empresas (74%) não possuem políticas ou estruturas dedicadas ao tema. Apenas 7% contam com diretrizes próprias e ferramentas de controle. Essa lacuna abre espaço para o avanço do shadow IT, com uso informal de ferramentas como ChatGPT e Copilot sem supervisão adequada.

Quando se trata de infraestrutura, a maioria das empresas roda suas soluções de IA em nuvem (63%), evitando investimentos próprios. Apenas 30% possuem ou planejam construir infraestrutura interna, onde há desafios como custos altos, baixa demanda e escassez de especialistas. A percepção dominante é que, por ora, a IA ainda não é crítica para o core business.

Outro ponto relevante referente à IA, a sustentabilidade, ainda é pouco ou nada discutido pelos executivos, de acordo com a observação do CTO da Logicalis Brasil, Fábio Hashimoto. Um estudo divulgado pela IBM, no ano passado, destacou o potencial da tecnologia para, inclusive, impulsionar iniciativas na área.

Além disso, destaca-se também que o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial foi estruturado visando consolidar o Brasil como referência mundial em infraestrutura de IA sustentável.

Orçamento

Apesar do cenário de cautela, o estudo indica que 60% das empresas preveem aumento nos orçamentos de TI em 2026, sendo que 23% esperam crescimento acima de 10%. Apenas 10% projetam redução.

Contudo, os CIOs demonstram preocupação com a erosão desses ganhos diante de custos crescentes com talentos especializados, inflação e variação cambial.

"Há um risco real de que o aumento orçamentário não se traduza em capacidade de investimento", avalia o relatório. Assim, os aportes tendem a ser direcionados a iniciativas de otimização e melhoria da experiência do cliente, em detrimento de projetos mais experimentais.

"2026 parece que vai ser um ano da busca da eficiência, integração de tecnologias, dos negócios, dos processos, para a gente para acelerar os negócios. A segurança continua sendo grande prioridade, mas exigirá um investimento estratégico sobre a perspectiva de que cada vez mais as ameaças são mais sofisticadas e os orçamentos são limitados", finalizou o CEO da Logicalis Latam, Márcio Caputo.

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