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Os Collateralized Loan Obligations (CLOs) começam a aparecer com mais força nas carteiras de investidores brasileiros, impulsionados pela busca por alternativas de crédito estruturado fora do país.
Segundo Marc Forster, head Brasil da Franklin Templeton, a combinação entre pulverização de risco, retorno atraente e um arcabouço regulatório mais rígido no exterior está colocando os CLOs como uma peça-chave no novo ciclo de diversificação global.
“O investidor percebeu que a renda fixa global tem uma extensão muito maior do que o mercado local”, afirma.
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Em entrevista ao podcast Outliers Infomoney, Forster destacou que a popularização desses instrumentos ocorre justamente no momento em que os investidores buscam entender estruturas mais complexas.
“A dinâmica, as nomenclaturas e a estrutura são diferentes do Brasil. O investidor precisa entender isso para acessar novas oportunidades”, diz.
O movimento ganhou tração a partir da queda dos prêmios de crédito nos ativos tradicionais, o que levou o mercado a buscar formas mais sofisticadas — e bem remuneradas — de exposição a risco.
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Os CLOs são, na prática, empréstimos corporativos com garantia, agrupados dentro de uma estrutura securitizada que divide os riscos em camadas.
A engenharia lembra, inevitavelmente, os FIDCs brasileiros, ainda que com diferenças marcantes. Forster explica:
“É o instrumento mais parecido que a gente tem aqui no Brasil, mas o CLO nasceu com amarras legais que dão mais segurança e transparência do que o FIDC necessariamente”
- Veja mais: Relevância ou extinção: o recado de um líder global para gestores no Brasil
- E também: Mercado de crédito passa por ajuste técnico e exige cautela dos investidores
A estrutura por trás dos CLOs
O executivo detalhou que, antes de estruturar um CLO, o gestor analisa as carteiras de empréstimos corporativos concedidos por bancos — normalmente para empresas abaixo do grau de investimento.
Esses empréstimos são garantidos e ocupam posições prioritárias na estrutura de capital das companhias.
A partir de uma seleção diversificada setorialmente, o gestor encapsula os empréstimos em uma “casca”, criando o CLO.
Em seguida, há o fatiamento em tranches: da camada mais segura, que pode pagar algo como 1%, até a porção equity, que absorve o risco residual, mas entrega retornos significativamente maiores.
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Enquanto no Brasil os FIDCs costumam ter até três níveis de subordinação (sênior, mezanino e subordinada), no mercado internacional há CLOs divididos em até sete camadas.
Essa variedade permite uma calibragem precisa de risco e retorno. “Entra na mais arriscada quem tem mais apetite aos riscos associados e entra na menos arriscada quem tem menos apetite”, resume Forster.
Investidores institucionais, como fundos de pensão, ficam mais restritos a papéis com ratings elevados, enquanto pessoas físicas podem escolher seu ponto de conforto — inclusive na tranche de equity.
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A discussão sobre CLOs conecta-se diretamente ao fenômeno recente dos FIDCs no Brasil. A ICVM 175 ampliou o acesso e pulverizou o mercado, que saltou de R$ 140 bilhões para mais de R$ 720 bilhões de patrimônio líquido em dez anos.
A lógica de subordinação — que protege as camadas superiores ao colocar outras tranches como amortecedor de risco — tornou-se uma ferramenta poderosa na construção de portfólios.
Nos Estados Unidos, porém, essa “febre” dos instrumentos estruturados começou décadas antes. Os CLOs movimentam cerca de US$ 1,5 trilhão no mercado americano e US$ 250 bilhões na Europa.
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Forster explica que o crescimento vem de dois vetores: compressão dos spreads tradicionais e avanço educacional do investidor.
“Hoje a gente fala de FIDC para varejo como falamos de qualquer outro papel. Cinco anos atrás isso não era imaginável, muito menos falar de CLOs num podcast”, afirma.
A grande vantagem dos CLOs, diz ele, está na pulverização extrema: um único CLO pode conter centenas de empréstimos.
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Um fundo de CLOs — estratégia cada vez mais popular — pode, por sua vez, ter centenas de CLOs dentro dele, chegando a dezenas de milhares de empréstimos na carteira.
Isso permite acessar empresas não investment grade, mas com risco diluído e monitoramento regulatório rigoroso.
Diferenças entre Estados Unidos e Europa e o apetite dos compradores
A popularidade dos CLOs é maior no mercado americano, onde investidores pessoa física já têm presença significativa. Isso pressiona retornos para baixo, mas aumenta a liquidez.
Na Europa, o ambiente é mais institucional, o que mantém os prêmios médios mais altos. “É um mercado essencialmente institucional, o que faz com que os prêmios continuem um pouco mais elevados”, diz Forster.
O tipo de tranche adquirida depende do objetivo de cada fundo ou investidor. Estratégias equivalentes a um FIC de FIDC podem variar desde carteiras focadas apenas na tranche equity até composições exclusivamente sênior.
“Depende do apetite do investidor e do desenho do produto”
À medida que mais investidores brasileiros passam a compreender crédito estruturado global, o espaço para CLOs tende a crescer.
Forster aposta na combinação entre educação, diversificação e busca por prêmios de crédito para consolidar os CLOs como uma das principais alternativas internacionais para diversificação de risco e retorno.

há 1 semana
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