IA vai gerar alta explosiva no tráfego de dados e cargas maiores de upload

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IA vai ampliar o tráfego de dados sobre as redes de telecomExecutivos de operadoras e fornecedores discutem como IA vai se inserir no contexto de telecom no Futurecom 2025

A disseminação de aplicações de Inteligência Artificial (IA) vai gerar um "aumento explosivo no tráfego de dados", de modo que será cada vez mais necessário embarcar a tecnologia em redes e equipamentos de telecomunicações para dar conta da demanda, indicou Rafael Mezzasalma, country manager da Nokia no Brasil, nesta terça-feira, 30, em painel no Futurecom 2025.

Segundo o executivo, até 2033, o tráfego global de dados deve aumentar de 18% a 25%, com base em estimativas do Nokia Bell Labs, laboratório de desenvolvimento de novas tecnologias da fornecedora. No segmento corporativo (B2B), a perspectiva é ainda maior.

Diante disso, Mezzasalma apontou que o setor tem oportunidades de crescer por meio da oferta de infraestrutura de suporte à IA, como data centers, GPUs e servidores no modelo as a service. Além disso, disse que a Nokia tem investido em estações rádio base (ERBs) com IA embarcada, para apoiar a capacidade computacional das redes 5G.

"As redes não estão dimensionadas para isso, mas acreditamos que a combinação de infraestrutura e IA será muito próspera no Brasil", sinalizou.

O executivo da Nokia ainda indicou que, com a adoção de tecnologias que demandam maior capacidade de uplink, como realidade aumentada, deve haver "uma explosão de tráfego por upload". Sendo assim, uma das apostas da empresa é dividir o processamento computacional entre o dispositivo e a rede, incorporando IA em suas antenas e equipamentos.

Já o CCO da V.tal, Lucas Aliberti, afirmou que os investimentos em rede por parte das empresas de telecom devem seguir fortes, uma vez que "há um certo consenso sobre o volume de infraestrutura necessário" para suportar o uso da IA. Contudo, em sua avaliação, a melhor estratégia é a de compartilhamento de infraestrutura, o que ajuda a reduzir o capex dessas operações.

Aliberti também disse que, no que diz respeito à IA, o setor de telecom ainda está na fase de usar a tecnologia para aperfeiçoar processos existente, de modo a elevar a produtividade.

"Criar um negócio novo, inovar em um produto, depende dos mesmos passos que [a inovação] sempre dependeu. É muito parecido com o processo dos smartphones, até as pessoas os adotarem em suas rotinas. A partir disso, veio o processo de aplicativo e soluções embarcadas como conhecemos", comentou.

Uso aplicado

O diretor-presidente da Algar, Luiz Alexandre Garcia, classificou a IA como "uma tecnologia muito amigável" para uso interno.

A operadora, inclusive, tem um projeto em andamento cuja meta é chegar a 100 agentes de IA em operação ainda este ano, incluindo ferramentas para billing, otimização de projetos técnicos, eficiência de redes, cross-selling e up-selling de serviços.

Garcia ainda contou que a Algar elabora "planos de carreira para os agentes de IA", levando em conta a premissa de que os modelos podem crescer conforme são abastecidos com novos dados. No corpo de colaboradores, a empresa elencou funcionários como "AI influencers", os quais "são early adopters de tecnologia e influenciam os demais".

"Podemos usar IA para solucionar dores ou criar oportunidades para milhões de clientes que são usuários de conectividade. Diria que a grande inovação é mudar de telco para techco", afirmou Garcia.

Já a Deustsche Telekom tem recorrido à IA em atividades de campo. O diretor-geral da operadora, Pablo Guaita, relatou que, entre outros casos, a empresa usa a tecnologia como aplicação de sensoriamento na implantação de fibra óptica subterrânea na Alemanha.

Segundo o executivo, a operadora alemã, em geral, busca parceiros para desenvolver ferramentas que possam aperfeiçoar as operações técnicas e de rede.

"Temos trabalhado com IA há muito tempo. Em 2016, lançamos uma agenda e, em 2018, um guidance. Temos evoluído no uso de aplicações e buscamos um equilíbrio entre pegar [o que o mercado já desenvolveu] e fazer por conta própria", relatou Guaita.

Capacitação para IA

Já Debora Bortolasi, vice-presidente B2B Vivo, levantou preocupações sobre a falta de profissionais capacitados para trabalhar com IA no Brasil. Segundo a executiva, a indústria de telecom tem responsabilidade com a promoção de programas de letramento digital e capacitação para novas tecnologias. Inclusive, ressaltou que é de interesse das operadoras ter equipes habilitadas para uso da IA.

"Precisamos de mão de obra. Falta gente e sobra posições nas organizações. Temos como fazer diferente e podemos, como setor, acelerar essa jornada de transformação das organizações no Brasil", pontou.

No que diz respeito ao uso de aplicações de IA dentro da Vivo, Debora comentou que, tão importante quanto treinar modelos de IA para apoio nas atividades, é definir "os perímetros de utilização, de tal forma a não ter vazamento de dados", sobretudo quando envolve modelos abertos ao público em geral.

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