IA impulsiona investimentos e muda papel das operadoras no ecossistema digital

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Durante um painel realizado hoje, 29, na Futurecom 2025, líderes do setor de telecomunicações destacaram que a combinação entre IA e 5G abre uma janela de oportunidades inédita para as teles brasileiras — mas também impõe desafios em infraestrutura, regulação e qualificação profissional. Ari Lopes, líder de prática da Omdia e mediador do painel, apresentou um panorama global de investimentos no setor. Em 2024, o total de investimento dividido pela receita foi de 15% — o menor índice em uma década. A previsão é de estabilização até 2026 e retomada em seguida.

Lopes ainda ressaltou que a IA está no centro dessa transformação e de novas oportunidades de negócios. “O mercado de software de IA generativa teve uma receita de US$ 14 bilhões em 2024 e deve chegar a US$ 123 bilhões em 2030”, disse, acrescentando que o desafio estratégico é como o setor de telecom vai capturar valor nesse novo ciclo.

Luiz Alexandre Garcia, diretor-presidente da Algar Telecom, afirmou que a IA representa uma revolução para o setor. “Queremos chegar a 100 agentes este ano com IA na Algar. Usamos IA para otimização de projetos técnicos e melhor atendimento aos nossos clientes. Isso transforma as empresas de telecom”, disse.

Segundo o executivo, a Algar está se posicionando além da conectividade. “A grande inovação é mudar de telco para techco. Acabamos de inaugurar em São Paulo um hub de inovação para levar soluções completas de digital e IA para além da conectividade”, afirmou.

IA amplia eficiência e cria novas soluções

Lucas Aliberti, CCO da V.tal, destacou que o primeiro impacto da IA ocorre na eficiência operacional, mas que o próximo passo será inovar em produtos e serviços. “A IA expande os horizontes de oportunidade, mas ainda tem o processo de criação. Primeiro usamos as ferramentas para ganhar eficiência, depois vem a inovação em serviços”, avaliou.

A V.tal já aplica IA em diversas áreas. “Hoje um técnico que está fazendo a manutenção da rede pode bater uma foto do equipamento e, por meio da IA, recebe o procedimento que precisa fazer para corrigir o problema. É uma linguagem simples e eficiente”, contou. Para Aliberti, embora o Brasil tenha uma infraestrutura digital relativamente bem desenvolvida, será necessário acelerar investimentos em data centers, cabos e redes — pontos diretamente relacionados às diretrizes da Política Nacional de Datacenters (ReData) — para acompanhar a evolução tecnológica.

Pablo Guaita, diretor da Deutsche Telekom, compartilhou experiências da Europa, lembrando que a empresa trabalha com IA desde 2016. “Buscamos um equilíbrio entre moldar e fazer. Desenvolvemos com parceiros, startups e alianças com outras operadoras”, afirmou.

Entre os exemplos estão carros com sensores e câmeras para instalação automatizada de fibra óptica e sistemas inteligentes de otimização de rede. “Sigilo das informações e aspectos regulatórios são desafios importantes. É preciso agilizar processos com IA”, ressaltou.

Capacitação humana é essencial

Para Débora Bortolasi, vice-presidente B2B da Vivo, o avanço da IA no Brasil depende também de formação profissional. “A vida digital é parte da nossa vida. A IA generativa vem para transformar e trazer eficiência, mas precisamos capacitar as pessoas”, disse.

Ela lembrou que 39% dos executivos apontam a falta de qualificação como principal barreira para adoção da IA. “O Brasil é um dos países mais conectados do mundo, mas quase metade da população não sabe enviar um e-mail com anexo. Se investirmos como setor em formação, conseguimos criar uma oportunidade gigantesca e colocar o país no lugar que merece estar”, defendeu.

Débora também destacou que infraestrutura continua sendo a base. “A Vivo já cobre 66% do país com 5G e tem mais de 30 milhões de locais com fibra. Precisamos falar não só em adoção, mas também em gestão de dados e privacidade.”

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