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Governo de Portugal abriu investigação após um menino brasileiro de 9 anos ter os dedos mutilados dentro de uma escola em Cinfães. A família acionou apoio jurídico, e a instituição iniciou um procedimento interno sobre o episódio.
O episódio envolvendo José Lucas, de 9 anos, levou o governo de Portugal a abrir uma investigação oficial. A Inspeção-Geral da Educação, órgão que fiscaliza unidades de ensino e é vinculado ao Ministério da Educação, confirmou à Rádio França Internacional (RFI) que começou a apurar o caso. A vítima teve os dedos amputados dentro de uma escola por colegas.
Além da apuração conduzida pelo governo português, o Agrupamento de Escolas Souselo, instituição de ensino que une várias escolas da região, iniciou um procedimento interno para esclarecer o que aconteceu. Segundo a RFI, o caso mobilizou ao menos 15 advogados, que se ofereceram para atuar em nome da família. Eles devem apresentar uma queixa ao Ministério Público e preparar ações relacionadas à responsabilidade civil da escola.
Apesar da gravidade, Nívia Estevam, mãe do garoto, relatou à RFI que não recebeu retorno do Ministério da Educação, da escola ou dos pais dos estudantes envolvidos. O único apoio veio do Consulado do Brasil no Porto, que ofereceu auxílio psicológico e jurídico. Durante a entrevista, Nívia ainda revelou ter descoberto uma gravidez no dia anterior ao ataque, após dois anos tentando engravidar.
José, vítima da agressão, junto com os pais (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)Entenda o caso
O brasileiro José Lucas teve dois dedos amputados por colegas em um colégio de Portugal, na segunda-feira (10). O episódio foi denunciado pela mãe dele, Nívia Estevam, de 27 anos, nas redes sociais. O caso ocorreu na Escola Básica de Fonte Coberta, em Cinfães, no Distrito de Viseu, que fica a cerca de 130 km do Porto.
Nívea informou que o menino já havia sofrido outras agressões na escola. Segundo o relato, José tinha acabado de entrar no banheiro quando dois colegas o seguiram, fecharam a porta sobre seus dedos e a pressionaram até amputá-los. Ela contou que o filho tentou abrir a porta usando as mãos, mas não conseguiu. Por conta da dor, ele precisou se arrastar para pedir ajuda.
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Segundo a mãe, as funcionárias da escola encontraram a criança sangrando e demonstraram choque e despreparo. A professora da turma, Sara Costa, ligou dizendo apenas que o menino “amassou o dedo na porta enquanto brincava”, minimizando a gravidade da situação. No entanto, ao fundo da chamada, Nívea disse que ouviu alguém pedindo para “chamar uma ambulância”.
Caso aconteceu em uma escola de Portugal. (Foto: Unsplash)Quando chegou à unidade de ensino, que fica a menos de cinco minutos de casa, a mãe foi levada para a área externa do prédio. No local, encontrou o filho gritando de dor, com a mão enfaixada e mordendo uma atadura por orientação dos funcionários. O episódio aconteceu cerca de 1h30 depois da chegada do menino à escola.
José ficou internado por um dia e passou por uma cirurgia de três horas. Os médicos informaram que não seria possível reimplantar os dedos e que parte de um deles foi usada para a reconstrução da área exposta. A criança perdeu a primeira falange do indicador e do dedo médio.
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De acordo com ela, José sofreu a agressão por ser brasileiro e preto, além de ser novo na escola. Em nota, a Direção do Agrupamento de Escolas de Souselo declarou que tem conhecimento do caso e que abriu um processo de investigação interna, “dando cumprimento à legislação em vigor”.
A brasileira afirmou que o filho está afastado das redes sociais, e que o período da noite tem sido mais difícil, porque ele tem pesadelos e precisa de medicação para se acalmar. “Nós não iremos voltar para casa. O José não vai voltar para aquela escola. Ainda estamos procurando casa. Só quero que cuidem do trauma dele, que ele volte a brincar, a sorrir, a ser criança”, concluiu.
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