Google quer aproveitar energia do Sol para colocar data centers no espaço

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O Google divulgou nesta terça-feira (4) seus planos de lançar chips de inteligência artificial (IA) no espaço. E, para isso, a companhia quer descobrir como transformar constelações de satélites movidas a energia solar em data centers (ou centro de processamento de dados, que facilitam as atividades humanas) por meio do Projeto Suncatcher.

Segundo Travis Beals, diretor sênior do Google para Paradigmas de Inteligência, a empresa pretende equipar constelações de satélites movidos a energia solar com Unidades de Processamento de Turing (TPUs) – máquinas que processam informações matemáticas – e links ópticos em espaço livre (sistemas de comunicação que usam lasers para transmitir informações). As instalações servirão para fazer processos de machine learning em escala espacial.

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O uso da IA continua a aumentar por todos os aspectos da vida humana e esse crescimento é acompanhado pelo rápido aumento das demandas energéticas dos data data centers. A abordagem idealizada pelo Google buscará não apenas expandir a escalabilidade desses centros de processamento informacional, mas também de minimizar o impacto gerado sobre os recursos terrestres.

“A IA é uma tecnologia fundamental que pode remodelar o nosso mundo, impulsionando novas descobertas científicas e ajudando-nos a enfrentar os maiores desafios da humanidade. Agora, questionamos onde podemos chegar para desbloquear todo o seu potencial [e] o espaço poderá ser o melhor lugar para escalar a computação de IA”, afirmou Beals, em comunicado.

Se um dia sair do papel, o Google espera poder aproveitar a energia solar de maneira ininterrupta. Para que isso seja uma possibilidade, a empresa planeja executar uma missão conjunta com a Planet (companhia de satélites) para lançar satélites protótipos até o início de 2027. O intuito é testar o comportamento do seu hardware em órbita e validar o uso de links ópticos intersatélites para tarefas de machine learning.

 Agência Espacial Europeia/NASA Em uma órbita adequada, um painel solar pode ser até oito vezes mais produtivo do que na Terra e gerar energia quase que de maneira contínua — Foto: Agência Espacial Europeia/NASA

A expectativa do Google é explorar uma fonte quase ilimitada de energia limpa e que permitirá dar continuidade aos seus ambiciosos projetos de expansão da IA. Pensando nisso, a empresa também publicou um artigo científico – que ainda não foi revisado por um grupo independente de cientistas – que detalha o seu progresso até o momento.

Entre as especificidades, o artigo traz o projeto de sistemas para essa aventura. O sistema proposto consiste em uma constelação de satélites interligados, provavelmente operando em uma órbita baixa da Terra síncrona com o Sol, onde estariam expostos à luz solar quase constante. Essa escolha orbital maximizará a captação de energia solar e reduzirá a necessidade de baterias de bordo de grande porte.

Uma das pedras no sapato do Google é garantir que exista uma comunicação efetiva entre os satélites. Afinal, para além do discurso de poupar recursos da Terra, oferecer uma conexão de qualidade é o que permitirá que o projeto compita com os data centers já existentes e instalados em terra.

De acordo com análises expostas no artigo, será necessário manobrar constelações de satélites em formações compactas. Esse movimento reposicionará os satélites a “quilômetros ou menos” de distância uns dos outros.

 Agência Europeia Espacial A produção de lixo espacial, resultante das possíveis colisões entre os satélites, é um desafio que tende a aumentar de tamanho no futuro — Foto: Agência Europeia Espacial

Outra preocupação diz respeito às TPUs da empresa. Antes de colocar o Projeto Suncatcher em prática, o Google precisa garantir que as suas unidades de processamento sejam capazes de suportar os elevados níveis de radiação no espaço. Quanto a isso, alguns testes já foram realizados e os analistas concluíram que as TPUs Trillium “sobrevivem a uma dose total de radiação ionizante equivalente a uma missão de 5 anos sem falhas permanentes”.

Mas, neste momento, enviar as TPUs para o espaço custaria caro. A boa notícia é que, até a década de 2030, estima-se que lançar e operar um data center no espaço poderia ter os seus gastos aproximados aos custos de energia – em termos de quilowatt-hora – que já existentem na Terra.

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