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Até Melman, a girafa hipocondríaca de Madagascar, sentiria inveja de Mahiri, uma girafa reticulada de 16 anos, moradora do Zoológico de Banham, no Reino Unido. Isso porque a fêmea, que sofre de uma doença nasal crônica, ganhou agora a possibilidade de fazer inalação com um aparelho especialmente desenvolvido por veterinários.
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A novidade inusitada foi publicada nas redes sociais do zoológico no último dia 4 de setembro e tem repercutido pelo avanço no conhecimento em saúde de girafas.
Ainda que os especialistas em cuidados animais não saibam qual é a causa específica da condição que afeta Mahiri, acredita-se que seja um quadro associado a uma doença autoimune. Ele dificulta a respiração pelas narinas – com secreções em ambas – e causa persistente desconforto.
Frente ao sofrimento do animal, equipes de cuidados e veterinários treinaram a girafa ao longo de três anos para aceitar a inalação sem sedação e de maneira voluntária. Esse cuidado permitiu que o conforto e dignidade de Mahiri fossem preservados durante todo o processo.
“A girafa, como espécie, pode ficar bastante nervosa com qualquer novidade, então introduzir equipamentos médicos exige muita paciência e construção de confiança" explica Deborah Harris, do Zoológico de Banham, em comunicado. "Nossos tratadores ajustaram as rotinas diárias e trabalharam no ritmo de Mahiri para ajudá-la a se sentir confortável. O fato de ela agora aceitar seu inalador com calma é uma verdadeira prova do vínculo entre ela e sua equipe de cuidados.”
Sem esteroides, com inalação
Antes do inalador, o tratamento do quadro de Mahiri era diferente. Inicialmente, a girafa tomava esteroides orais com base em seus sintomas. O medicamento ajudava a reduzir a inflamação nas vias aéreas do animal, mas não permitia uma qualidade de vida duradoura.
Segundo Elliot Simpson-Brown, cirurgião veterinário do Zoológico de Banham, o objetivo é interromper o uso de esteroides por longos períodos em animais como Mahiri e os encaminhar para terapias alternativas sempre que possível. Foi buscando isso que os tratadores começaram a pensar no inalador.
Simpson-brown disse ao portal IFLScience que a função dos inaladores é essencialmente imitar o que os esteroides orais fazem, mas de uma forma muito mais direcionada. “A terapia inalatória essencialmente abre as vias aéreas (…) e reduz a quantidade de secreção produzida, bem como o esforço respiratório”, afirma.
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Primeiro, os tratadores utilizaram como protótipo um nebulizador, que transforma o medicamento líquido em um fluxo fino e constante de névoa inalável. Eventualmente, eles adaptaram Mahiri ao inalador, que fornece doses mais diretas do medicamento.
Os especialistas projetaram o equipamento para encaixar na boca e no nariz da girafa. O diferencial é que os idealizadores ainda deixaram um espaço vago para que o animal possa comer e se sentir mais confortável durante a inalação.
Agora, os pesquisadores esperam coletar amostras e analisá-las para determinar a causa da doença de Mahiri. "Tentar obter amostras para diagnóstico de uma girafa não é tão fácil", conta Simpson-Brown. "O que vamos precisar é de alguns cotonetes nasais para testar a secreção que estamos observando, além de uma amostra de sangue. Então, estamos torcendo para que nos próximos passos a gente consiga algumas respostas e continue vendo ela melhorar".