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A filha da brasileira morta após ser atacada em uma rua na Argentina revelou que o corpo da mãe ainda não foi liberado para repatriação. Carolina Bizinoto lamentou a situação e pediu ajuda das autoridades brasileiras para o translado e realizar um velório digno à Maria Vilma das Dores.
Carolina Bizinoto, filha da brasileira morta após ser atacada por um homem em situação de rua na Argentina, revelou que o corpo da mãe, Maria Vilma das Dores Cascalho da Silva Bosco, não foi liberado para repatriação. Em entrevista ao hugogloss.com, ela contou que a autópsia já foi realizada, mas as autoridades argentinas não autorizaram o translado, onze dias após o óbito. O enterro da turista só foi liberado na própria Argentina.
“Tudo o que eu quero neste momento é que liberem o corpo da minha mãe para repatriação ao Brasil. Eles liberaram o corpo para a Argentina, mas nós não queremos enterrá-lo aqui. Toda a família está no Brasil, esperando o corpo para darmos um velório digno para ela. O meu pai está muito mal com toda essa situação, ele já é um senhor de 71 anos. Estou preocupada até pela saúde dele. Mas as autoridades argentinas não liberam o corpo“, desabafou.
De acordo com a filha, a autópsia foi concluída no dia 12 de novembro. “Eu preciso urgente da repatriação, já faz onze dias que estamos nessa tortura, um desespero total“, lamentou. Bizinoto também pediu a ajuda das autoridades brasileiras. “O único contato que nós temos é com o Consulado, que pegam as informações e me passam“, pontuou.
Em documento cedido por Bizinoto, a Justiça argentina declarou que o caso é tratado como “homicídio qualificado contra mulher, com violência de gênero”. Eles também pedem que a filha informe o lugar de inumação do corpo da vítima, pois “por enquanto, não poderá providenciar a sua cremação, tampouco a repatriação“.
Maria Vilma das Dores estava na Argentina visitando a filha. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)“Eu só fiquei sabendo que já estava em segunda instância porque o Consulado ligou para o juizado onde tramitava o processo e a juíza disse que estava indo para segunda instância, por incompetência deles em avaliar o caso. Eles não pressionam. Eles simplesmente me transmitem informações, é a única coisa que eles fazem“, afirmou.
Bizinoto reforçou o pedido às autoridades. “Minha mãe era uma cidadã brasileira, e a gente quer repatriar o corpo. Precisamos que as autoridades brasileiras pressionem as autoridades jurídicas argentinas para que a gente tenha a repatriação, independente do transcurso do processo. Eu sei que o processo vai correr por ter sido um homicídio, mas não precisa do corpo estar retido aqui. A autópsia já foi feita. Por que não liberam o corpo da minha mãe? É isso o que nós precisamos“, completou.
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Advogada explica
Paula Lima, sobrinha da vítima e uma das três advogadas que cuida do caso, explicou por que o processo foi emperrado. “Depois que ocorreu a autópsia na semana passada, estávamos com esperança que o corpo fosse liberado para repatriação. Acontece que ele foi liberado apenas para saída do IML e enterro na Argentina, até hoje não liberaram o corpo para trazer ao Brasil. Por conta disso, estamos agora com dois advogados licenciados em Buenos Aires para nos auxiliar, que tiveram acesso aos autos e conseguimos entender um pouco de onde está o problema“, contou.
“Inicialmente o caso era de agressão, então foi remetido para a fiscalia (órgão equivalente ao Ministério Público) da cidade de Buenos Aires, só que como infelizmente minha tia faleceu, o crime passou de agressão para homicídio com agravante de feminicídio, e essa fiscalia que estava com o caso, não era mais competente. Só que como ele emitiu esse parecer desfavorável para nós, que foi homologado pelo juiz depois por meio dessa decisão, agora tem um conflito e o caso está na instância superior da cidade, que vai decidir qual fiscalia é competente“, esmiuçou.
Maria Vilma visitava a filha, que estuda medicina e se formaria neste ano. (Foto: Arquivo Pessoal)“Um processo por si só já é muito moroso e burocrático, e a gente corre contra o tempo. Eu que estou em contato com a funerária internacional que fará o traslado do corpo, e por enquanto se for rápido conseguimos um caixão fechado, mas com aquela janelinha para podermos nos despedir vendo o rosto dela“, detalhou.
“Só que se demorar muito, não existe preparação de corpo que permita essa janela, vamos ter que ter um caixão totalmente fechado. Nós continuamos em contato com o Consulado e o vereador Michel Magul, mas não tive contato direto com o Itamaraty ainda. Por mais que eu entenda que eles não podem interferir na investigação, falta mais pressão para agilizar isso. Temos familiares em Brasília tentando contato com o Cônsul da Argentina também, porque só precisamos do corpo, já tem autópsia, porque segurar enquanto resolvem essa parte processual? A família está esgotada já, isso só prolonga nosso sofrimento“, concluiu.
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O hugogloss.com entrou em contato com o Itamaraty, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Relembre o caso
Maria Vilma das Dores, de 69 anos, morreu após ser agredida, em 6 de novembro, por um homem em situação de rua, no bairro de Abasto, em Buenos Aires. Ela foi levada a um hospital, mas faleceu na madrugada do dia seguinte. Conforme os familiares, a servidora aposentada foi atingida por um soco, caiu no chão e bateu a cabeça, sofrendo um sangramento intracraniano.
Amigos informaram que a brasileira tinha saído da casa de Bizinoto para trocar dinheiro no momento que foi agredida. A vítima era de Goiânia e servidora aposentada do Tribunal de Justiça de Goiás. Ela visitava a filha, que estuda medicina em Buenos Aires e se formaria neste ano. O homem em situação de rua teria agredido outra pessoa segundos depois do ataque à Maria Vilma. Ele estaria “em surto” e foi preso, de acordo com informações dos familiares.
A família também tenta arrecadar dinheiro para trazer o corpo de volta ao Brasil. Estima-se que seja necessário cerca de R$ 70 mil para o translado do corpo da brasileira. Uma vaquinha virtual foi aberta para “encerrar esse ciclo doloroso com uma despedida digna“, e até esta manhã já tinha sido arrecadado mais de R$ 8 mil. Clique aqui para ajudar.
O Governo de Goiás disse que está em contato com o Itamaraty para tentar agilizar os procedimentos burocráticos. Em nota, o governo salientou que o intermédio com as autoridades federais é feito pelo Gabinete de Assuntos Internacionais do estado.
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