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Publicado a 17/10/2025 - 19:36 GMT+2
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Donald Trump elevou o tom das suas ameaças contra o governo venezuelano, alertando para potenciais "operações terrestres" e assegurando que "o mar já está sob controlo". A declaração surge na sequência de uma série de bombardeamentos norte-americanos em águas do Caribe contra supostos barcos de narcotraficantes.
As forças armadas americanas realizaram um novo ataque na quinta-feira contra uma embarcação nas águas do Caribe, ao largo da costa da Venezuela. Fontes oficiais citadas pelos meios de comunicação social norte-americanos situaram a operação sob a orientação do Comando Sul e enquadraram-na na campanha contra as rotas marítimas do narcotráfico. Este é o sexto navio a ser neutralizado desde agosto e, pela primeira vez, há sobreviventes, segundo confirmaram funcionários do governo.
Até à data, mais de 20 pessoas morreram nesses ataques. Washington destruiu seis embarcações e acusa os seus ocupantes de estarem ligados a cartéis venezuelanos que tentam transportar drogas para o território dos EUA. Ao contrário do que é habitual, o presidente Trump não anunciou este último ataque nas suas redes sociais, embora o mesmo tenha sido confirmado por altos funcionários norte-americanos.
A presença militar dos Estados Unidos na região intensificou-se significativamente. O Pentágono enviou contratorpedeiros de mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados. De acordo com o jornal "The Washington Post", os Estados Unidos estão também a enviar helicópteros de combate para perto da costa venezuelana. Desde agosto, o Comando Sul mantém uma presença naval e aérea no Caribe, perto da Venezuela, que Washington justifica com a necessidade de impedir o tráfico ilícito na área.
CIA entra em cena e faz soar os alarmes em Caracas
Na quarta-feira, Trump revelou ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela e que estava a ponderar avançar com ações em terra, por considerar o tráfego marítimo "paralisado" devido à pressão militar. Esta decisão despoletou especulações sobre uma possível tentativa de derrubar Maduro.
Esta autorização tem como base a longa história de intervenções da agência norte-americana na América Latina, onde atuou por trás de vários golpes de Estado durante décadas. O atual diretor da CIA prometeu que, sob o seu comando, a agência "vai ser mais agressiva", embora não tenha detalhado as suas atividades na Venezuela.
A crise gerou polémica mesmo dentro dos Estados Unidos. Juristas americanos e legisladores democratas questionaram se os ataques militares respeitam as leis da guerra. A administração respondeu argumentando que a Casa Branca já está envolvida num conflito contra grupos narcoterroristas venezuelanos, legitimando assim as suas operações militares.
Venezuela responde e leva o conflito à ONU
As ameaças dos EUA fizeram soar os alarmes na Venezuela. O presidente Nicolás Maduro atacou os serviços secretos americanos com uma mensagem direta: "Até quando decorrerão os golpes de Estado? A América Latina repudia-os". No seu discurso, Caracas apresenta as operações de Washington como uma agressão que ultrapassa os limites da soberania.
A vice-presidente executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, desmentiu na quinta-feira uma notícia do "Miami Herald", segundo a qual ela teria oferecido aos Estados Unidos liderar um governo de transição sem Maduro. Segundo esta versão do jornal, Rodríguez e o seu irmão Jorge, presidente da Assembleia Nacional, juntamente com outros altos funcionários, teriam apresentado a Trump duas propostas aprovadas por Maduro com a mediação do Qatar.
Caracas acusou o governo dos EUA de procurar uma "mudança de regime" para impor uma autoridade "fantoche" e "apoderar-se" dos recursos naturais da Venezuela, principalmente do petróleo. Em resposta à escalada militar, a Venezuela apresentou uma queixa formal ao Conselho de Segurança da ONU, solicitando medidas urgentes para evitar uma escalada bélica na região.
O clima político entre os dois países tornou-se ainda mais tenso, com o governo de Maduro a considerar o dispositivo militar norte-americano como uma provocação com risco de escalada.