Estrutura invisível é descoberta no meio de uma rara cruz de Einstein no espaço

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Uma descoberta inesperada em uma configuração cósmica rara acaba de revelar mais um segredo do Universo. Astrônomos identificaram uma estrutura invisível escondida no coração de uma “Cruz de Einstein”, um fenômeno no qual a gravidade de galáxias massivas distorce a luz de um objeto distante, formando quatro imagens idênticas de fundo. Desta vez, porém, foi percebida uma quinta imagem — o que não deveria existir.

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O achado foi publicado no dia 15 de setembro no The Astrophysical Journal. O enigma só foi resolvido quando os modelos computacionais mostraram que a explicação não poderia estar apenas nas galáxias visíveis que provocavam o efeito de lente gravitacional. Era necessário acrescentar ao cenário uma imensa quantidade de matéria escura, a substância invisível que representa a maior parte da massa do cosmos.

“Não é possível obter uma quinta imagem no centro. Isso é, a menos que algo incomum esteja acontecendo com a massa que curva a luz”, explica o astrofísico teórico Charles Keeton, professor da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, e coautor do artigo, em comunicado à imprensa. “A única maneira de alinhar matemática e física foi adicionar um halo de matéria escura.”

O enigma da quinta imagem

De acordo com os especialistas, o primeiro sinal de que algo extraordinário estava em jogo surgiu nos Alpes Franceses, quando o astrônomo Pierre Cox, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, analisava dados do conjunto de radiotelescópios NOEMA. Ele observava uma galáxia distante e coberta de poeira, chamada HerS-3, quando se deparou com a estranha configuração.

“Parecia uma cruz, mas havia uma imagem no centro. Eu sabia que nunca tinha visto aquilo antes”, relata Cox. A anomalia persistiu mesmo após verificações adicionais com o poderoso conjunto ALMA, no Chile. O que parecia, inicialmente, uma falha instrumental revelou-se uma assinatura cósmica genuína.

Conforme reproduziram o sistema em simulações, Keeton e sua colega Lana Eid demostraram que só a presença de um halo maciço de matéria escura poderia explicar a formação da quinta imagem. Isso não apenas confirma a teoria da existência desse componente misterioso, mas também oferece um “laboratório natural” para estudá-lo em detalhe.

“A beleza dessa configuração é que ela amplia a galáxia de fundo, permitindo examinar sua estrutura com precisão inédita”, explica Cox. “Ao mesmo tempo, nos dá uma oportunidade rara de investigar a matéria invisível que a envolve.”

Os cientistas preveem que novas observações poderão revelar ainda mais detalhes, como sinais de gás emanando da galáxia HerS-3. Se confirmadas, essas previsões validarão os modelos atuais; se não, abrirão novas perguntas.

“É uma previsão falseável. Se não virmos o que esperamos, voltaremos à prancheta. É assim que a ciência funciona”, avalia Keeton. Até lá, a enigmática quinta imagem permanece como um lembrete de que, por trás do Universo visível, há estruturas ocultas que só se revelam quando a gravidade, a matemática e a curiosidade humana se alinham.

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