Desastres climáticos custam R$ 184 bi ao Brasil em 2 anos; só 9% tinha seguro

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O Brasil acumulou R$ 184 bilhões em prejuízos com desastres climáticos entre 2022 e 2024, em 67 eventos relevantes – e só 9% desse valor tinha alguma proteção de seguros. E a conta não parou por aí: outros 10 eventos extremos somaram mais R$ 31 bilhões em perdas só no primeiro semestre deste ano.

Os números fazem parte do Radar de Eventos Climáticos e de Seguros no Brasil, estudo inédito da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) em parceria com a consultoria EY, apresentado em paralelo à COP30 na sexta (14). A pesquisa reúne os impactos econômicos e sociais dos desastres naturais e mostra como o setor de seguros entra na resposta a esses episódios.

Embora as chuvas intensas e as inundações sejam os acontecimentos mais comuns, é a seca que pesa mais no bolso: como atinge áreas extensas e por longos períodos, acaba gerando os maiores prejuízos financeiros.

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Fonte: CNseg/EY

O levantamento também expõe desigualdades regionais profundas na capacidade de enfrentamento. Enquanto o Sul concentrou as maiores perdas econômicas, o Norte e o Nordeste apresentaram os menores níveis de proteção, com menos de 2% das perdas seguradas.

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Fonte: CNseg/EY

O exemplo mais emblemático desse período foi a tragédia de 2024 no Rio Grande do Sul, considerado o pior desastre climático da história do país: 2,4 milhões de pessoas afetadas, 182 mortes e R$ 35,6 bilhões em perdas diretas.

Mesmo diante desse cenário, o setor de seguros brasileiro ampliou sua atuação, ainda que exista uma enorme lacuna de proteção. Só em 2024, foram R$ 7,3 bilhões pagos em indenizações ligadas a eventos climáticos, principalmente nos ramos Patrimonial (58%), Automóvel (19%), Rural (15%) e Habitacional (6%).

A experiência lá de fora mostra que países com maior penetração de seguros conseguem se reerguer mais rápido depois de uma catástrofe e ainda aliviam a pressão sobre os cofres públicos em situações de emergência.

O Radar integra o primeiro módulo do Hub de Inteligência Climática da CNseg e detalha quanto cada evento provocou em indenizações nos ramos de danos (que contemplam modalidades como automóvel e residencial, por exemplo), vida e previdência entre 2022 e junho de 2025.

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Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, a ferramenta vai fornecer dados relevantes que permitirão ampliar o diálogo técnico entre o setor segurador e outros setores importantes da economia.

“A partir do Radar, é possível ter um mapa que efetivamente vai dizer, em cada evento climático, quanto isso custou em indenização paga pelo setor de seguros, sendo possível calcular qual é o gap [lacuna] de proteção e o impacto direto na economia, permitindo propor políticas públicas, parcerias com outras instituições, sejam elas públicas ou privadas, e subsidiar a interlocução de alto nível com o governo.”

De acordo com a CNseg, a publicação será atualizada anualmente, criando uma série histórica nacional comparável a relatórios internacionais e ampliará a capacidade do Brasil de monitorar riscos e planejar políticas de adaptação.

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Agenda climática do setor

O Radar integra o HUB de Dados Climáticos, uma plataforma que a CNseg lança também na COP30 com as duas primeiras ferramentas:

Solução Riscos Climáticos para Inundação: baseada em modelagem probabilística, permitirá identificar o risco climático de um endereço, coordenada ou polígono. O módulo começa com risco de inundação e será ampliado para outros eventos, como secas extremas.

Solução Conformidade Socioambiental para o Seguro Rural: a ferramenta atende a Resolução CNSP 485 e apoiará as seguradoras na avaliação da conformidade socioambiental de propriedades rurais, cruzando bases públicas como CAR, listas de trabalho escravo, áreas indígenas, quilombolas, embargadas, unidades de conservação e dados de desmatamento.

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Para Claudia Prates, diretora de Sustentabilidade da CNseg, o Hub simboliza um avanço estrutural na atuação climática do setor.

“Seu propósito é reunir, sistematizar e produzir dados climáticos e socioambientais para apoiar as seguradoras na precificação de riscos, fortalecer a resiliência econômica e social diante das mudanças climáticas e reduzir o gap de proteção securitária do país.”

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