Brasileira que denunciou Jeffrey Epstein diz que Trump teria mais envolvimento no caso: “Tenho minhas razões” Foto: Reprodução/TV Globo; Getty

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Marina Lacerda, brasileira que relatou ter sido uma das vítimas de Jeffrey Epstein, afirmou que a mudança de estratégia de Trump é uma tentativa de controlar a narrativa para tirar a visibilidade das denunciantes.

Marina Lacerda, que relatou ter sido uma das vítimas de Jeffrey Epstein, diz acreditar que Donald Trump tem mais envolvimento com o caso do que foi revelado nos e-mails. Em entrevista à Folha de S. Paulo, a brasileira, de 37 anos, afirmou que a mudança de estratégia do republicano é uma tentativa de controlar a narrativa para tirar a visibilidade das vítimas.

O presidente dos Estados Unidos foi pressionado por sua base após o Congresso divulgar e-mails do financista, que apontam que Trump tinha conhecimento sobre sua conduta e chegou a passar “horas” com uma das vítimas em sua residência. Nesta segunda-feira (17), o político pediu aos congressistas de seu partido para que votem pela liberação dos arquivos da investigação.

Ele (Trump) quer silenciar a gente, e o único jeito é estar do nosso lado. Ele não vai querer ir contra, porque isso nos dá mais visibilidade. [Trump] vê que estamos aparecendo cada vez mais aqui nos EUA, no Reino Unido. Então, só assim para nos dar menos voz“, declarou Lacerda.

Para a brasileira, o republicano tem mais envolvimento no caso do que já foi revelado. “Em 2009, ele estava querendo ajudar a gente a divulgar essa história, e hoje é completamente contra“, afirmou ao jornal. “Quando a pessoa esconde, a gente sabe que tem envolvimento. Tenho minhas razões para acreditar que ele está envolvido em mais coisas do que só e-mails com Epstein“, salientou.

Marina Lacerda denunciou ter sido abusada por Jeffrey Epstein. (Foto: Reprodução/ABC News; Getty)

O apoio dos democratas ajudou a dar mais visibilidade ao caso, principalmente com a divulgação de parte dos documentos. Com o suporte dos republicanos, a Câmara dos Representantes deve votar para divulgar todos os arquivos nesta terça-feira (18), mesmo diante da resistência no Senado. Caso seja aprovado pelas duas Casas, o presidente prometeu sancionar o texto.

Apesar da mudança de posicionamento de Trump, Lacerda acredita que as vítimas terão que continuar lutando. “Nós estávamos chegando perto de ter esses fatos divulgados ao público. Agora, vamos ter que brigar mais“, destacou.

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Entenda o caso

Os documentos fazem parte dos chamados “Epstein Files” (Arquivos Epstein, em português) — um conjunto de provas reunidas pelo governo norte-americano sobre o financista. Epstein foi acusado e condenado por chefiar uma rede de tráfico sexual, além de responder a processos por estupro, abuso e outros crimes. As investigações apontam que ele abusou de mais de 250 meninas menores de idade, algumas com apenas 14 anos, no início dos anos 2000. Preso em 2019, Epstein morreu por suicídio dentro de uma penitenciária em Manhattan, enquanto aguardava julgamento.

A relação entre Epstein e Trump é antiga: registros dos dois juntos nos anos 1990 seguem circulando até hoje. Segundo o Partido Democrata, os e-mails agora revelados reacendem questionamentos sobre a proximidade entre ambos. Em uma das mensagens, o bilionário escreve que Trump “sabia sobre as meninas” — vítimas identificadas pelas autoridades como menores de idade.

Trump e Epstein em uma festa na casa do empresário e futuro presidente dos EUA, em 1992. (Foto: Reprodução/Netflix)

Datado de abril de 2011, o e-mail era endereçado a Ghislaine Maxwell, assistente e confidente de Epstein, e traz uma declaração incisiva. “Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump“, escreveu ele, sugerindo que o então empresário teria acobertado as atividades ilícitas. Epstein acrescentou ainda que uma vítima “passou horas em minha casa com ele, e nunca foi mencionada uma única vez“. Maxwell foi posteriormente condenada por participar e facilitar o esquema criminoso.

Outro e-mail divulgado mostra Epstein pedindo conselhos sobre como deveria responder a perguntas a respeito de sua ligação com Trump. À época, o empresário começava a ganhar visibilidade no meio político e ensaiava a sua entrada candidatura à presidência. A CNN também publicou um link com documentos e e-mails em que Epstein menciona Trump pelo nome.

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Além dos e-mails, outros documentos tornados públicos pelo Congresso citam o presidente. Um deles seria uma carta enviada por Trump a Epstein. O registro mostra uma mensagem datilografada dentro da silhueta de uma mulher nua desenhada à mão. A assinatura, “Donald”, aparece logo abaixo da cintura da figura, acompanhada da frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo“.

Na época, Trump negou a autoria, processou o jornal e pediu uma indenização de US$ 10 bilhões. “Nunca pintei um quadro na minha vida. Não desenho mulheres. Não é a minha linguagem. Não são as minhas palavras“, declarou o presidente.

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