Bebidas destiladas em xeque: Setor de eventos vive momento de incerteza

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O principal impacto imediato imediato da crise envolvendo intoxicações por metanol no Brasil foi a migração do mix de bebidas, do destilado para outras opções. Mas a Associação Brasileira de Produtores de Eventos (Abrape) diz ter outras preocupações relacionadas à atuação de representantes do Estado no setor a partir de agora.

“Me preocupa o avanço abrupto do papel do Estado na atividade das organizações.
Isso é que começa a gerar uma insegurança maior. Há, por exemplo, declaração de agente público dizendo ‘não beba'”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori, ao InfoMoney.

Na última semana, algumas autoridades e especialistas orientaram para que a população evitasse o consumo de bebidas alcóolicas diante do risco de contaminação. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a dizer que “na condição de ministro e como médico, a recomendação é que se evite ingerir produto destilado, sobretudo os incolores, que você não tenha absoluta certeza da origem”.

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Embora Caramori acredite que se trate de uma recomendação emergencial, ele compara a situação com a vivida pelo setor durante a pandemia: “Parece sim [emergencial], mas, na pandemia, também parecia que só fecharia por 15 dias. Nosso setor ficou fechado por dois anos”.

Estimativas não oficiais apontam para uma migração de entre 15% e 20% do consumo de bebidas destiladas para outras na última semana. Segundo Caramori, é difícil atribuir qualquer alteração no movimento de eventos nos últimos dias aos casos de intoxicação. “Nossa preocupação hoje é com os efeitos colaterais do que com os efeitos diretos, porque a gente entende que o consumidor, com o tempo, vai aprender a separar o joio do trigo e vai voltar a consumir naturalmente.”

Flávio Santos, sócio da Agência Criativa, organizadora de festivais no estado de São Paulo, avalia que o principal impacto, no primeiro momento, não deve ser a ausência de público nos eventos, mas um aumento de fiscalização. Para ele, aprimoramentos desse tipo podem ser positivos para garantir padrões de qualidade no setor.

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Em um ano os eventos destinados especialmente ao público universitário promovidos pela Agência Criativa consomem cerca de meia tonelada de destilados. Em um primeiro momento, a avaliação é de que o consumo desse tipo de bebida deve cair.

“Em geral, o público mais jovem consome bastante destilado. Hoje dá para dizer que o consumo médio é quase o mesmo da cerveja, praticamente empatados”, explica Santos. Como as empresas atuam com margens consignadas para pedidos de bebidas, podendo retornar de 30% a 50% dos pedidos não consumidos, a logística da produção não deve ser tão impactada.

Representantes do setor disseram que na última semana os principais fabricantes de bebidas destiladas ficaram longe das manifestações públicas, o que dificultou a comunicação para o público de eventos.

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“Em decorrência da maior preocupação do consumidor, há maior preocupação das empresas, que tomam algumas atitudes”, conta Caramori. “Agora nós começamos a conectar com a indústria para que a indústria certifique os seus distribuidores. Assim, o evento ao informar o distribuidor consegue fazer o ciclo inteiro de credibilidade.”

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