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Empresário e pescador passaram 50 horas à deriva no litoral do Espírito Santo após falha em lancha. Resgatados perto do Porto do Açu (RJ), eles registraram momentos da experiência. O caso ganhou repercussão nacional.
Por cerca de 50 horas, o empresário Maikel Araujo dos Santos e o pescador Ronald Menezes viveram um grande susto. No domingo (28), eles saíram para pescar no litoral do Espírito Santo, em um passeio que começou tranquilo. No entanto, a lancha apresentou um problema, e deixou a dupla à deriva. Antes de serem resgatados por um rebocador, Maikel gravou um vídeo se despedindo da esposa, que está grávida.
A lancha Monkey Sub sofreu uma falha elétrica em Anchieta, sem possibilidade de retornar à costa. “Fernanda, meu amor, esse é o meu terceiro dia no mar. Queria dizer pra você que eu te amo muito, que eu me arrependo muito de não ter falado isso para você mais vezes”, começou.
Maikel não poupou elogios à esposa: “Quero dizer que você vai ser uma mulher incrível se eu não conseguir voltar para cuidar dessa neném junto com você. Quero dizer que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu vou lutar aqui bravamente ainda pra tentar voltar. Tô aqui em frente ao Porto do Açu, as últimas boias estão aqui mais ou menos uma milha e meia das últimas boias”.

Ele também deixou um recado aos pais, caso não conseguisse retornar para casa. “Quero dizer que te amo demais, dizer que também amo muito minha mãe, meu pai. Queria te pedir perdão, não tinha necessidade de ter vindo pra tão longe”, lamentou.
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Maikel também explicou a causa do problema e a dificuldade de encontrar socorro: “Foi a bateria, alguma coisa que o Cleiton não fez na bateria, a bateria parou de funcionar sozinha. Fiquei sem rádio, fiquei sem conseguir ligar o motor, sem conseguir me comunicar, e aí deixando a lancha correr pra fora até aqui no Porto do Açu. Lá de Anchieta até o Porto do Açu. Aqui ancoramos, porque aqui passa mais barco, mas já passaram vários longe e nenhum socorre a gente. Eu tô mais ou menos dez milhas de terra. Talvez eu tente voltar nadando, vou pensar mais um pouco. Te amo muito, me perdoa, te amo muito”.
Assista:
Empresário que passou 50 horas à deriva com amigo gravou vídeo de despedida para esposa grávida pic.twitter.com/baTUd7Uzck
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) October 2, 2025
Pescadores foram resgatados com vida
Apesar do susto, a embarcação foi localizada apenas no final da tarde desta terça-feira (30), a cerca de dez milhas da costa, próximo ao Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). O resgate foi feito por um rebocador contratado pela Petrobras.
Maikel e Ronald se conheceram quatro meses atrás, quando o pescador realizou um serviço de montagem de móveis na casa do empresário. Desde então, começaram a fazer pescarias juntos. Apesar disso, Maikel disse que, depois da experiência, talvez não volte mais a se arriscar no mar. “Quero ver minha filha nascer, crescer e cantar as músicas do Macakids comigo. Pescar acho que não rola mais não”, disse, em coletiva de imprensa.
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O empresário classificou o episódio como “assustador”: “Passa um filme na cabeça, duas noites direto dormindo no mar e o mar muito revolto, ondas de mais de 5 metros e ventos de mais de 50km/h. Foi assustador, eu não desejo isso para ninguém. Os peixes que eu pegava eram fornecidos para restaurantes japoneses, mas já falei aos meus clientes que aquele peixe fresquinho não tem mais data”.

Segundo o empresário, a lancha era pequena, mas sempre estável, e nunca havia apresentado problemas. Antes da pane, ele costumava fazer pescarias semanais, sempre rápidas. Durante a experiência, improvisaram com uma camisa e uma capa como vela para ganhar velocidade e tentar alcançar outras embarcações em busca de ajuda.
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Em vídeos gravados antes do ocorrido, Maikel mostrou com entusiasmo o resultado da pescaria, brincando sobre a quantidade de peixes capturados. Entre eles, estava uma cioba, que, segundo o empresário, foi fundamental para alimentar a dupla enquanto estavam à deriva.

“O Ronald limpava os peixes, a gente tinha feito uma pescaria muito farta, a gente não tinha levado comida. Ele fez os filés, a gente molhava na água salgada, e comia os peixes. O peixe dava uma força pra gente ainda, porque no segundo dia a gente estava exausto”, concluiu.
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