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A XP Asset avalia que o Federal Reserve (o Fed, o banco central dos EUA) deve manter uma postura mais agressiva nos próximos meses, com novos cortes de juros ainda em 2025, enquanto o Banco Central brasileiro (BC) tende a seguir o caminho oposto, mantendo a Selic em níveis elevados por mais tempo.
A projeção é que o Fed Funds (juros americanos) retorne a 3% até 2026, mesmo com a inflação americana persistente e uma economia que segue crescendo acima do esperado.
De acordo com o economista-chefe da gestora, Fernando Genta, o ambiente nos Estados Unidos continua “estimulativo”, e as condições financeiras seguem afrouxadas, o que reforça a visão de continuidade no ciclo de cortes.
“Mesmo com uma inflação rodando perto de 3% e uma economia forte, o Fed deve reduzir os juros em dezembro e novamente no próximo ano”, afirmou. Genta ressaltou que há também “um componente político relevante” nas decisões do banco central americano, especialmente após a pressão pública de Donald Trump sobre Jerome Powell.
Para o economista, a sucessão no comando do Fed será determinante para os rumos da política monetária global.
“A partir de maio, Powell deve deixar a presidência, e o substituto indicado por Trump tende a ter um perfil mais dovish, mais tolerante à inflação. Isso significa um Fed mais tomador de risco.”
A XP projeta que os juros americanos caminhem para um nível considerado neutro, em torno de 3%, sem necessidade de desaceleração econômica expressiva.
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Economia brasileira deve desacelerar, mas sem espaço para cortes
No cenário doméstico, a XP Asset prevê um segundo semestre de desaceleração, embora menos intensa do que o consenso do mercado. Genta estima crescimento médio de 0,3% no terceiro trimestre e ligeiramente acima disso no quarto, impulsionado pelo aumento dos gastos públicos.
“O orçamento e o pagamento de precatórios no segundo semestre devem garantir algum fôlego. O gasto público deve subir cerca de 11% em termos reais”
Apesar disso, a gestora não vê espaço para cortes na Selic até 2026. “Continuamos achando muito difícil o Banco Central iniciar cortes este ano ou no primeiro trimestre do próximo”, afirmou o economista.
A projeção da XP é de inflação entre 4,8% e 4,9% em 2025, permanecendo acima do teto da meta, o que impede um afrouxamento monetário no curto prazo.
Segundo Genta, a pressão política deve crescer, mas a autoridade monetária tende a resistir.
“O Banco Central vai enfrentar um ano de cobranças, mas cortar juros com inflação e mercado de trabalho aquecidos seria difícil de justificar. A credibilidade, que já foi arranhada, poderia ser ainda mais comprometida”