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Marcelo Toledo, economista-chefe do Bradesco Asset. (Imagem: Divulgação)
A inflação de setembro mostra que a política monetária está surtindo efeito, mas ainda não é compatível com um corte mais rápido da Selic do que o consenso de mercado prevê — apenas em 2026. A avaliação é do economista-chefe do Bradesco Asset, Marcelo Toledo.
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Em entrevista ao Money Times, ele afirmou que o Banco Central (BC) ainda precisa observar mais leituras de inflação “favoráveis” e um nível “bem menor” do núcleo, mais próximo de 3,5%, antes de iniciar as reduções de juros.
“Está em uma direção favorável, mas ainda não chegou no nível em que o Banco Central consideraria confortável para começar um processo de cortes”, afirma Toledo.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,48% em setembro e acumulou alta de 5,17% em 12 meses. A leitura ficou abaixo das expectativas do mercado, de 0,52% e 5,21%, respectivamente.
De acordo com Toledo, a alta do índice no mês foi puxada principalmente pela reversão dos preços de energia elétrica, após o efeito extraordinário do bônus de Itaipu em agosto, quando houve deflação de 0,11%. “Era uma coisa esperada, pontual.”
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Em relação aos núcleos de inflação, o economista destacou o movimento de queda. O indicador, que chegou a se aproximar de 6% no primeiro trimestre, recuou para 4,7% nos três meses seguintes e agora está em 4,4%.
“Estamos em uma descendente, mas agora entramos em um período de quedas menores”, afirma.
Segundo ele, o comportamento do câmbio, dos preços internacionais das commodities e dos alimentos no mercado interno ajudaram a acelerar a desinflação no início do ano. Agora, no entanto, o ritmo depende mais do desaquecimento da atividade doméstica.
“A trajetória é favorável e está mostrando que o Banco Central está conseguindo levar o processo de desinflação adiante, ainda que não tenha chegado na meta.”
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A projeção do Bradesco Asset é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de afrouxamento monetário em março de 2026, com um corte inicial de 0,50 ponto percentual, levando a Selic ao patamar de 12% ao final do ano.
Toledo ressalta que as condições para flexibilizar a política monetária incluem a continuidade da queda da inflação — especialmente dos núcleos —, o desaquecimento da economia e a perda de fôlego do mercado de trabalho.
Segundo ele, “esse filme vai estar mais claro na reunião de janeiro”. “Naquela reunião, o Banco Central poderá dizer que tem condições de discutir uma queda de juros e poderá implementá-la em março. Seria um corte anunciado”, diz.
IPCA na meta está fora de cogitação?
Apesar de reconhecer o avanço do processo desinflacionário, o economista do Bradesco Asset afirma que a inflação só deve retornar ao intervalo de tolerância da meta no fim de 2026. A meta é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
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Toledo pondera, no entanto, que o Brasil está distante de sustentar uma inflação média de 3% de forma consistente. Segundo ele, dois fatores principais dificultam esse objetivo: a forte indexação da economia e a falta de disposição em aceitar oscilações maiores em torno da meta.
A economia brasileira carrega uma cultura de reajustes frequentes, em que empresas, prestadores de serviços e trabalhadores buscam correções de preços ao longo do ano. Essa prática se estende a diversos contratos, como aluguéis e serviços públicos, reforçando a inércia inflacionária.
Para que o país mantivesse uma média de 3%, seria necessário que alguns preços ficassem um período sem reajuste.
O economista também destaca um componente político e social. Para atingir uma média de 3%, a inflação teria que ficar em torno de 2% em determinados anos e 4% em outros. No entanto, ele observa que o governo, o Congresso, o setor empresarial e o próprio mercado financeiro demonstram resistência a um cenário de inflação muito baixa.
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Quando a inflação cai demais, diz ele, o BC tende a ser criticado por adotar uma política monetária excessivamente restritiva.
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