TIME elege robô doméstico da Figure AI como uma das melhores invenções de 2025

O robô humanoide Figure 03, desenvolvido pela startup californiana Figure AI, acaba de conquistar um lugar de destaque na lista anual de Melhores Invenções da revista TIME. A distinção marca um momento decisivo para a robótica de propósito geral: pela primeira vez, um humanoide projetado para trabalhar dentro de casas comuns aparece na capa de uma das publicações mais influentes do mundo.

A Figure AI apresentou oficialmente o modelo 03 em outubro de 2025, após três anos intensos de desenvolvimento. Diferentemente dos robôs industriais tradicionais, o Figure 03 foi concebido desde o início com um objetivo ambicioso: executar tarefas domésticas cotidianas de forma autônoma.

Brett Adcock, CEO da Figure AI, não esconde suas pretensões. Segundo ele, haverá um robô humanoide em cada residência dentro de alguns anos, realizando desde a dobra de roupas até o carregamento de máquinas de lavar. A empresa já demonstrou essas capacidades em testes reais: o Figure 03 consegue dobrar toalhas, carregar louças em máquinas de lavar e organizar objetos em superfícies.

O robô mede 1,68 metros de altura e pesa aproximadamente 70 quilos. Seus componentes são 90% mais baratos de produzir em comparação ao modelo anterior, o Figure 02. As mãos foram redesenhadas com articulações mais finas, sensores táteis nas pontas dos dedos e uma câmera na palma para manipulação delicada.

Tecnologia neural que aprende com dados

O sistema nervoso artificial do Figure 03 se chama Helix, uma rede neural dividida em três componentes. O “sistema um” funciona como o sistema nervoso humano, traduzindo decisões em comandos para os atuadores do robô 200 vezes por segundo. O “sistema dois” age como o cérebro lógico, incluindo um modelo de raciocínio treinado com textos e imagens da internet para interpretar cenas e decidir ações. Já o “sistema zero” cuida dos reflexos básicos, como equilíbrio e locomoção

Uma característica marcante da abordagem da Figure AI é a velocidade de aprendizado. A capacidade de dobrar toalhas foi adquirida com apenas 80 horas de filmagens de treinamento. A empresa coleta dados através de “pilotos” humanos que usam headsets de realidade virtual e executam tarefas que os robôs precisam dominar.

Da fábrica para a sala de estar

O Figure 02, modelo anterior, já trabalha em turnos de 10 horas diárias na fábrica da BMW em Spartanburg, nos Estados Unidos, desde abril de 2025. Os robôs montam peças do BMW X3 em linhas de produção reais. Essa experiência industrial serviu como campo de testes para refinar a tecnologia antes de levá-la aos ambientes residenciais.

A Figure AI planeja disponibilizar o modelo 03 para uma lista selecionada de parceiros em 2026. Brett Adcock admite que o robô ainda não está completamente pronto para uso doméstico no lançamento, mas espera resolver as limitações restantes ao longo de 2026. A empresa levantou US$ 1 bilhão em setembro de 2025, atingindo uma avaliação de US$ 39 bilhões, com investimentos de NVIDIA, Jeff Bezos, OpenAI e Microsoft.

Desafios de segurança e privacidade

Adcock reconhece que a segurança é o principal obstáculo entre a empresa e o mercado trilionário da robótica geral. O CEO testa um Figure 03 em sua própria casa, onde tem filhos pequenos, sob o que ele chama de “babá hardcore”. A empresa desenvolveu uma versão interna das três leis da robótica de Isaac Asimov, mas mantém os detalhes em sigilo por serem proprietários.

A questão da privacidade também preocupa. Como a Figure AI precisa de mais dados para treinar seus robôs, a companhia planeja eventualmente usar informações dos robôs domésticos para treinar modelos futuros. Adcock afirma que a empresa tem “toda intenção de fazer a coisa certa” com os dados dos usuários, incluindo remover informações pessoais antes de usá-las para treinamento.

Um mercado em disputa acirrada

A Figure AI enfrenta competição intensa. A Tesla desenvolve o Optimus, a chinesa Unitree trabalha em seus próprios humanoides, e a Apptronik, do Texas, colabora com o Google para integrar o modelo Gemini AI em robôs. Jeff Cardenas, CEO da Apptronik, adota uma abordagem mais cautelosa: primeiro resolver casos de uso industriais e deixar o ambiente doméstico para quando os desafios de segurança e confiabilidade estiverem resolvidos.

Brett Adcock acredita que a indústria robótica será um monopólio natural. Quanto maior a frota de robôs de uma empresa, mais baratos eles se tornam para produzir e mais dados podem ser coletados, acelerando melhorias. Segundo ele, o pioneiro consegue um robô mais barato e inteligente com o tempo, criando uma vantagem difícil de superar pelos concorrentes.

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