Tesla divulga vídeo do robô Optimus treinando kung fu; assista aqui

Em vídeo publicado no X, Elon Musk mostrou o robô Optimus da Tesla treinando com um instrutor de artes marciais. No vídeo, 36 segundos, podemos ver o robô executando movimentos de kung fu ao lado de um instrutor humano. O clipe ultrapassou 28 milhões de visualizações em poucas horas e dividiu opiniões entre entusiastas e céticos da robótica.

A demonstração traz uma sequência coreografada: cumprimento respeitoso, posturas de combate, bloqueios defensivos, chutes laterais e até recuperação de equilíbrio após empurrões. Tudo fluido, coordenado e cinematográfico — quase bom demais para ser verdade.

Tesla Optimus learning Kung Fu pic.twitter.com/ziEuiiKWn7

— Elon Musk (@elonmusk) October 4, 2025

A promessa de autonomia total (e as dúvidas)

Musk afirma que os movimentos são controlados por inteligência artificial, sem teleoperação manual. Segundo Ashok Elluswamy, novo vice-presidente de software de IA da Tesla e atual responsável pelo programa Optimus, a empresa está unificando os modelos de IA usados na condução autônoma com os aplicados ao robô. Murtaza Dalal, engenheiro de IA do projeto, chegou a fazer uma referência ao filme “Matrix”, sugerindo que as habilidades podem ser “baixadas” diretamente no cérebro do robô.

Mas nem tudo está claro. Análises técnicas do vídeo revelam detalhes que desafiam a narrativa oficial: estruturas de segurança suspensas sobre o robô, ambientes estritamente controlados e um assistente segurando um dispositivo não identificado — possivelmente um botão de emergência. O cenário é típico de demonstrações laboratoriais, longe da robustez exigida para ambientes reais e imprevisíveis.

Robert Griffin, pesquisador sênior do Instituto de Cognição Humana e de Máquinas, alerta que dados de vídeo não oferecem a mesma riqueza de interação física que a teleoperação proporciona. Alan Fern, especialista em IA e robótica da Universidade Estadual do Oregon, considera o desafio ainda maior que o desenvolvimento de veículos autônomos: “Dirigir é apenas uma tarefa. Ensinar um robô através de vídeos exige que ele compreenda o que está acontecendo na gravação e tenha as habilidades para executar.

A virada estratégica na forma de treinar o Optimus

Nos bastidores, a Tesla passou por uma mudança radical na metodologia de treinamento do Optimus. Em junho de 2025, a equipe abandonou os tradicionais trajes de captura de movimento e headsets de realidade virtual, adotando uma abordagem baseada exclusivamente em vídeos. Agora, trabalhadores executam tarefas usando cinco câmeras acopladas a capacetes e mochilas pesadas, capturando dados de múltiplos ângulos.

A transição ocorreu logo após a saída de Milan Kovac, ex-diretor do programa, com Ashok Elluswamy assumindo o comando. A ideia é escalar a coleta de dados de forma mais rápida e eficiente, espelhando o método que a Tesla usa há anos para treinar seu sistema de direção autônoma Full Self-Driving (FSD). Musk chegou a afirmar que o Optimus poderá aprender tarefas assistindo a vídeos do YouTube

Christian Hubicki, diretor do laboratório de robótica da FAMU-FSU, reconhece que os múltiplos ângulos de câmera permitem capturar detalhes minuciosos — como posição de articulações e dedos —, mas ressalta que a transferência desse conhecimento para o mundo real ainda é uma fronteira complexa.

Ambições bilionárias e cronograma agressivo

Musk não esconde suas expectativas estratosféricas para o Optimus. Ele declarou que o robô representará aproximadamente 80% do valor futuro da Tesla, classificando-o como “o maior produto de todos os tempos”. O plano de produção é igualmente ousado: 5.000 unidades em 2025 (para uso interno nas fábricas da Tesla), 50.000 em 2026 e uma taxa de produção anual de um milhão de unidades até 2030.

O preço estimado também evoluiu. Inicialmente projetado para menos de US$ 20 mil, agora já se fala em até US$ 30 mil por unidade. A terceira geração do robô (Gen 3) está prevista para ser lançada em breve, embora Musk já tenha desmentido vazamentos de protótipos circulando nas redes.

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