ANUNCIE AQUI
Em tempos de COP30, que tem início nesta segunda-feira, 10, em Belém (PA), o setor de telecomunicações deve exercer um papel cada vez mais estratégico nas discussões sobre sustentabilidade e transição para uma economia de baixo carbono.
Consideradas um pilar da transformação digital, as teles têm sido apontadas como habilitadoras das ações de mitigação e resiliência climática em escala global. É o que apontou o fundador da Colin Consultoria, Márcio Lino, em entrevista ao TELETIME.
Segundo o executivo, integrar metas ambientais às operações do setor é hoje uma exigência tanto econômica quanto ética. Isso inclui melhorar a eficiência energética das redes, otimizar a relação entre tráfego de dados e consumo de energia e oferecer soluções digitais que ajudem outros setores a reduzir sua pegada de carbono.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) reforça essa visão em sua Agenda Conecta 2030, que prevê meta voltada a ampliar as contribuições da tecnologia e das telecomunicações na ação climática e ambiental. O documento destaca o papel da digitalização na construção de uma economia inclusiva e sustentável, capaz de "enfrentar a dupla crise climática e ambiental e incentivar o uso responsável dos recursos para o benefício de todos".
Neutralidade de carbono e novos desafios
Os grandes grupos de telecomunicações e fabricantes de equipamentos já assumiram compromissos públicos com a neutralidade de carbono (net zero), tanto em âmbito global quanto local. A maioria já publica inventários de emissões, adota medidas de redução da pegada e realiza compensações por meio de créditos de carbono.
O próximo desafio, contudo, está no Escopo 3 — que envolve as emissões indiretas geradas ao longo da cadeia de valor e pelo próprio consumo dos usuários. "É preciso incorporar o consumidor das telecomunicações nas métricas de redução de carbono", explica Lino.
COP 30: convergência entre agendas digital e ambiental
A Agenda de Ação da COP30 prevê um espaço dedicado à integração entre o setor privado, governos locais e sociedade civil, com foco em soluções tecnológicas para o clima. O eixo transversal de "catalisadores e aceleradores" inclui, como um dos objetivos-chave, o tema "inteligência artificial, infraestrutura pública digital e tecnologias digitais".
Para o setor de telecomunicações, trata-se de uma oportunidade histórica. "As tecnologias digitais estarão presentes na construção de soluções para temas como transição energética, cidades resilientes e desenvolvimento humano", pontua Márcio Lino. "O papel das teles é articular inovação e sustentabilidade."
Digitalização a serviço do clima
Ferramentas digitais já vêm revolucionando o combate às mudanças climáticas. Sistemas de monitoramento ambiental, rastreamento de créditos de carbono via blockchain e plataformas de prevenção de desastres naturais são exemplos de tecnologias que ganham escala no Brasil e no mundo.
Com o avanço da inteligência artificial, modelos baseados em imagens de LiDAR (Detecção e Alcance por Luz) e dados de biomas permitem calcular emissões e capturas de CO² em tempo real, apoiando desde o manejo florestal até grandes obras de engenharia.
No contexto brasileiro, onde a maior parte das emissões vem da mudança do uso do solo e da agropecuária, e não da queima de combustíveis fósseis, a digitalização é vista como essencial. "Precisamos pensar globalmente e agir localmente. O monitoramento ambiental em tempo real é o maior aliado para uma economia de baixo carbono", afirma Lino.
Para isso, conclui o especialista, investir em conectividade e reduzir o déficit digital são passos fundamentais para garantir que as tecnologias sustentáveis alcancem todas as regiões do País.
Novo selo climático da Anatel
No âmbito microeconômico, a Anatel tem se movimentado para incorporar critérios ESG à regulação do setor. Em agosto, durante o seminário Pré-COP30 em Brasília, foi lançado o Selo ESG Anatel-BID, voltado a reconhecer boas práticas e estimular o engajamento das operadoras em ações sustentáveis.
A primeira edição do selo deve ser concluída até o fim de 2026. Além disso, o novo edital da faixa de 700 MHz traz pela primeira vez um anexo específico sobre o monitoramento de ações ESG, permitindo que as empresas demonstrem seu compromisso ambiental de acordo com suas estratégias próprias.
"Não se trata de impor obrigações diretas, mas de garantir que cada empresa possua uma estratégia e um plano consistentes de sustentabilidade", destacou Lino.
Seminário Telecom ESG
No dia 26 de novembro, em São Paulo, a TELETIME realizará seu seminário anual voltado ao tema de ESG. Participarão do Telecom ESG operadoras de telecomunicações, organizações e movimentos sociais, empresas de tecnologia transformadoras, formuladores de políticas, analistas de investimento e consultores. O entrevistado desta reportagem, Márcio Lino, é um dos convidados do painel dedicado à COP 30. Veja mais informações e garanta seu ingresso.

há 2 semanas
5









Portuguese (BR) ·