Nizo Neto reflete sobre carreira, bastidores da comédia e impacto da IA
O ator e dublador Nizo Neto relembrou momentos da carreira e analisou o futuro da arte em entrevista recente. O artista foi o convidado desta segunda-feira (20) do programa Se LiG, e falou sobre a influência familiar, os bastidores da Escolinha do Professor Raimundo, a competitividade do meio artístico e o avanço da inteligência artificial na dublagem.
Durante a conversa, Nizo resgatou histórias da infância, a convivência com Chico Anysio e os desafios de crescer cercado por humoristas. O artista também aproveitou o espaço para refletir sobre ética na comédia, inovação tecnológica e a responsabilidade social do artista.
Nizo interpretou Ptolomeu na Escolinha do Professor Raimundo, um dos personagens mais lembrados da atração. Ele contou que a criação do papel foi inspirada na tentativa de Chico Anysio de incentivá-lo nos estudos.
“ Eu fiz o Pitolomeu não porque eu era inteligente como Pitolomeu. Eu fui um desastre na escola e acho que o meu pai criou esse personagem para ver se esse moleque aprendia alguma coisa ”, brincou.
Humor, competitividade e bastidores da arte
O ator descreveu os bastidores da Escolinha como um ambiente leve, apesar da seriedade dos profissionais. “ Comediantes em geral são sérios e até deprimidos ”, afirmou. Mesmo assim, garante que a convivência era harmoniosa. “ Era um clima ótimo, não tinha briga nem muito ego. Pessoal tranquilo e tal. Era bom, tenho muita saudade .”
Nizo também comentou a influência da família na escolha da profissão. “ A influência foi porra, quase que eu não tive escolha ”, disse, lembrando que Chico Anysio não queria que o filho seguisse a carreira.
“ Pro desespero do meu pai, ele não queria que eu fosse artista de jeito nenhum. Eu entendo, é um meio bizarro .” Por isso, aconselha novos artistas a manterem um plano alternativo: “ Tenta o plano B, cara. É um meio muito competitivo e não muito justo .”
O comediante ainda falou sobre polêmicas antigas e a leitura contemporânea de personagens como o Velho Zuza, feito em black face. “ Que fazer, né? Não era a intenção desmerecer ninguém. Era o oposto disso. ” Ele também criticou o comportamento agressivo nas redes. “ Bando de punheteiro frustrado em casa, solitário, que não tem o que fazer e fica espezinhando a vida dos outros. ”
Nizo citou Costinha como exemplo de genialidade fora do estereótipo. “ O Costinha não tinha graça nenhuma fora de cena. Entrava em cena e virava um gigante .” O humorista era reservado e mal-humorado, o que, segundo Nizo, tornava seu talento ainda mais impressionante.
Sobre o futuro da dublagem, o ator reconheceu o impacto da inteligência artificial, mas se mostra otimista. “ A inteligência artificial vai influenciar em tudo, mas eu acho que não vai acabar. Está tendo um movimento para regulamentar .” Ele reforçou que a dublagem exige improviso e adaptação. “ A dublagem depende muito do improviso e da adaptação. O brasileiro é genial nisso. ”
Nizo também defendeu a formação teatral como base para qualquer dublador. “ Dublador é um termo que a gente inventou, mas é um trabalho de ator. Para ser bom, tem que fazer teatro. O teatro te dá estofo, ferramenta, voz, corpo e emoção .”
O episódio completo de Se LiG está disponível no YouTube do programa, que já recebeu personalidades como Regina Duarte, Giselle Tigre e Marcos Wainberg. A atração vai ao ar às segundas-feiras, às 13h, no Portal iG.