Scala alerta para risco de colapso no acesso à energia para data centers no Brasil

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A expansão acelerada da infraestrutura digital brasileira pode enfrentar um gargalo energético sem precedentes, segundo Luciano Fialho, vice-presidente sênior de Corporate Development e M&A da Scala Data Centers. Durante a mesa “Conectividade e Energia para Data Centers”, moderada por Luciano Charlita, do Banco Mundial, o executivo afirmou que o volume de pedidos de conexão à rede básica já supera a demanda projetada, e pediu que o governo estabeleça uma “reserva de mercado” para players efetivos do setor.

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“Existe agora um problema para ser resolvido pelo Ministério de Minas e Energia, pela Aneel, pela ONS e pela EPE: como lidar com quem está se aproveitando da oportunidade para pedir conexão à rede sem ser operador de data center, atravessadores”, disse Fialho. “Se eu pedisse hoje para conectar outros 500 megawatts, teria um problema sério. Já são quase 30 gigas de pedidos de conexão, e esse mercado não existe no Brasil”, afirmou.

Segundo ele, a diferença entre o tempo de operação dos empreendimentos e o ciclo de implantação das linhas de transmissão cria um descompasso que pode travar o crescimento do setor. “O tempo para se construir uma linha de transmissão entre o leilão e o final da obra é de cinco a sete anos, enquanto o tempo para acender um site de data center é de 12 a 18 meses. Esse é o problema que vamos enfrentar”, alertou.

O executivo comparou o cenário brasileiro ao dos Estados Unidos, onde regiões como Ashburn, na Virgínia, enfrentam atrasos semelhantes. “Se nada for feito, nós viraremos o que está acontecendo nos Estados Unidos hoje. Lá são necessários de cinco a sete anos para conectar à rede”, afirmou.

Para Fialho, a limitação da infraestrutura elétrica deve ser tratada com planejamento e prioridade. “Sem energia não tem data center. A discussão não é onde eu quero colocar o data center, mas onde eu tenho condições de colocá-lo. E onde não há condição, é preciso criá-la”, concluiu.

O moderador destacou que “a questão da localização dos data centers requer uma mistura de demanda econômica e capacidade da infraestrutura para permitir a instalação”, lembrando que 80% da população brasileira está concentrada em apenas 1% do território.

No mesmo debate, Giuseppe Marrara, vice-diretor de Telecomunicações da Abinee e diretor de Políticas Públicas da Cisco, reforçou a importância de uma indústria nacional forte para evitar gargalos tecnológicos. Segundo ele, “os fabricantes brasileiros estão prontos para atender à demanda de equipamentos e soluções de automação, eficiência energética e conectividade de alta capacidade”, desde que as políticas públicas garantam competitividade aos produtos locais.

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