S&P 500 e Nasdaq recuam com temor de paralisação do governo dos EUA

O S&P 500 e o Nasdaq recuam nesta terça-feira (30), último dia do terceiro trimestre, diante de temores de que a paralisação do governo dos Estados Unidos afete a divulgação de dados econômicos.

O Dow Jones Industrial Average caía 0,03%, para 46.301,02 pontos, enquanto o S&P 500 perdia 0,13%, a 6.652,73 pontos, e o Nasdaq Composite tinha queda de 0,26%, para 22.533,08 pontos.

As ações de empresas de software tiveram queda hoje, com a Paychex recuando 4% após divulgar seus resultados trimestrais e a Salesforce caindo 2%. Por outro lado, a Nvidia se destacou positivamente, beneficiada pelo desempenho do CoreWeave, que fechou um acordo de infraestrutura de nuvem de inteligência artificial de US$ 14,2 bilhões com a Meta, com apoio da própria Nvidia.

O sentimento tornou-se avesso ao risco um dia depois que as ações registraram ganhos, ressaltando o quanto os investidores ainda são sensíveis a qualquer sinal de incerteza.

Apesar de geralmente causarem pouco impacto nos mercados financeiros, as paralisações do governo dos Estados Unidos despertam atenção dos investidores desta vez, devido à fraqueza do mercado de trabalho, ao risco de estagflação e aos preços altos das ações, segundo a Reuters.

A suspensão das operações também pode levar agências de rating a revisar a nota de crédito americana. Em maio, a Moody’s já havia cortado a avaliação do país.

“Não acho que isso será perturbador para o mercado no longo prazo. No entanto, ele injeta mais incerteza na política monetária e na política fiscal”, disse Eric Teal, diretor de investimentos da Comerica Wealth Management.

O presidente da Câmara, Mike Johnson, republicano da Louisiana, afirmou à CNBC hoje que é pouco provável evitar o fechamento até o prazo da meia-noite, atribuindo a responsabilidade ao líder da maioria no Senado, Chuck Schumer (democrata de Nova York), e ao líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries (democrata de Nova York). Jeffries, por sua vez, disse ao canal que, caso ocorra a paralisação, a decisão será dos republicanos.

Dados não divulgados

Se o governo realmente suspender suas atividades, dados econômicos importantes deixarão de ser divulgados, projetam especialistas. O Departamento do Trabalho informou que o relatório de empregos de setembro, previsto para esta sexta-feira (3), não será publicado em caso de paralisação.

O documento é acompanhado de perto por analistas porque traz pistas sobre os rumos da economia americana antes da próxima reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), em outubro. Também nesta terça-feira, a pesquisa de confiança do consumidor veio abaixo das expectativas.

Jack Janasiewicz, estrategista-chefe de portfólio e gestor da Natixis Investment Managers, afirmou que, com investidores atentos à fraqueza do mercado de trabalho e aos sinais de repasse de preços à inflação, qualquer atraso na divulgação de dados devido à paralisação tende a aumentar a incerteza, o que costuma gerar mais volatilidade nos mercados financeiros.

“Será que essa incerteza pode ser grande o suficiente para prejudicar o cenário econômico e, com isso, colocar ativos em risco? Provavelmente não será um impacto duradouro, mas quanto mais a incerteza persistir, maior será o risco”, disse à CNBC.

Duração

Adam Crisafulli, da Vital Knowledge, afirma que a paralisação poderia afetar o humor do mercado se caso se estenda além de algumas semanas, embora paralisações governamentais geralmente não durem mais de duas semanas. Wall Street projeta um período curto, mas há preocupação com os efeitos na economia caso o governo Trump avance com demissões em massa de funcionários federais.

Segundo Crisafulli, o mercado já esperava a paralisação. Por isso, diz ele, os investidores estão apenas acompanhando. Mas, se ela passar de duas semanas, o nervosismo deve aumentar.

(Com Reuters)