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Ter uma renda passiva é o sonho de muitos brasileiros. Prova disso são as buscas no Google: a média de pesquisas por essa expressão saltou 900% entre setembro de 2025 e o mesmo mês do ano anterior, segundo dados do maior buscador do mundo. Mas será que daria para ganhar um dinheiro extra somente com dividendos?
Sim, é possível, mas seria preciso investir uma quantia considerável e escolher companhias sólidas. Contudo, os riscos são elevados e precisam ser compreendidos. É isso que mostra uma simulação feita pelo economista e planejador financeiro Otavio de Almeida Camargo Neto – com meta de embolsar R$ 5 mil por mês.
“Um investidor precisaria de aproximadamente R$ 833 mil aplicados
nessa carteira diversificada para perseguir a meta de R$ 5.000 líquidos mensais em dividendos”, disse o especialista.
Simulação em detalhes
Para fazer a simulação, o especialista considerou uma carteira composta por sete companhias tidas como boas pagadoras de proventos e recomendadas por especialistas.
Juntas, essas empresas têm dividend yield (DY, taxa de retorno com dividendos) estimados que variam de 4,8% a 20% ao ano, o que resultaria em um DY médio de 9% bruto e 7,2% líquido (considerando custos e taxas operacionais).
Empresas e DY:
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“A meta de R$ 5.000/mês equivale a R$ 60.000 por ano. Considerando um yield líquido médio esperado de cerca de 7,2 % ao ano, o retorno mensal implícito seria de aproximadamente 0,6 % sobre o capital investido”, falou o especialistas.
A simulação parte do pressuposto de que os dividendos são utilizados integralmente como renda, sem reinvestimento. Se os valores fossem reaplicados, o patrimônio poderia crescer ao longo do tempo, elevando a renda futura.
Leia também: O que são dividendos e como ganhar dinheiro com eles
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Riscos
Apesar de atrativa, a estratégia carrega riscos relevantes, segundo o especialista:
- Corte nos dividendos: companhias podem reduzir ou suspender pagamentos em períodos de crise ou para financiar novos investimentos.
- Desvalorização do capital: mesmo com dividendos, o preço das ações pode cair, diminuindo o patrimônio do investidor.
- Concentração setorial: grande parte dos maiores pagadores de proventos atua em setores regulados, como bancos e energia, sujeitos a mudanças políticas.
- Sustentabilidade dos yields: taxas muito elevadas podem refletir fatores extraordinários, sem garantia de continuidade no longo prazo.
- Inflação: se a renda de dividendos não acompanhar a alta do custo de vida, o poder de compra diminui ao longo do tempo.
Estratégia é a mais indicada?
Camargo Neto avalia que, embora seja viável, depender exclusivamente de dividendos pode não ser a alternativa mais eficiente para o investidor. Primeiro porque não há garantia.
“Embora uma carteira diversificada possa oferecer previsibilidade, os dividendos variam conforme o lucro de cada empresa e o cenário econômico. Para manter o objetivo, é essencial revisão periódica da carteira e disciplina de alocação”.
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Ele falou também que, em muitos casos, o investidor recebe em conta um valor que já era dele, apenas redistribuído. Para manter a posição, explicou, precisa recomprar o ativo, o que gera custos e pode reduzir eficiência.
Pessoalmente, falou, considera interessante investir em ETFs (fundos de índice) ou fundos que reúnem empresas pagadoras de dividendos, pois trazem diversificação e gestão profissional.