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A Polícia Civil de São Paulo investiga intoxicações por metanol ligadas a bebidas adulteradas. Autoridades suspeitam do uso da substância na limpeza de garrafas reaproveitadas em esquema de falsificação.
Nesta sexta-feira (3), a Polícia Civil de São Paulo divulgou novos detalhes sobre a investigação de casos de intoxicação por metanol relacionados a bebidas alcoólicas adulteradas. Segundo informações da Folha de S.Paulo, as autoridades trabalham com a hipótese de que quadrilhas responsáveis pela falsificação estariam utilizando metanol na limpeza das garrafas reaproveitadas.
Em entrevista ao jornal, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur José Dian, explicou que a substância tóxica pode ter sido usada não para aumentar o volume do produto, mas para higienizar os recipientes. Nesse processo, a ausência de enxágue adequado deixaria resíduos capazes de contaminar as bebidas.
“É possível que o modo precário de limpeza e o resíduo de metanol que fica nas garrafas intoxique a bebida adulterada nela colocada a ponto de causar cegueira ou morte”, afirmou Dian.
O esquema funcionaria da seguinte forma: coletores compram garrafas originais em restaurantes e bares — de marcas famosas — e as revendem para destilarias clandestinas, que as utilizam na falsificação. As embalagens verdadeiras são essenciais para dar credibilidade ao produto falsificado e enganar o consumidor.
Antes da revenda, as garrafas passam por limpeza — que pode acontecer tanto nas mãos dos coletores quanto nas próprias destilarias. A suspeita é de que, em alguns casos, tenha sido usado metanol nesse processo.
Segundo o delegado, bares e restaurantes deveriam seguir protocolos rigorosos para o descarte, mas a prática de vender garrafas vazias a coletores é comum por ser mais fácil do que encaminhá-las corretamente. “É lixo que deveriam jogar no lixo, mas que acabam vendendo”, disse Dian.

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Apesar da principal linha de apuração apontar para o uso de metanol na limpeza, a hipótese de adulteração direta das bebidas ainda não foi descartada, e ambas estão sendo investigadas paralelamente.
No mercado clandestino, as garrafas são altamente valorizadas: segundo Lucien Belmonte, presidente da Abvidro (Associação Brasileira da Indústria de Vidro), uma garrafa pode valer menos de R$ 1 em cooperativas, mas chega a ser negociada entre R$ 10 e R$ 200 nas mãos de fornecedores ilegais, a depender da marca associada. Na internet, esse comércio também ganhou força, com frascos vazios sendo anunciados em sites de revenda.
Em meio às investigações, a Polícia Civil de Mogi das Cruzes (SP) apreendeu cerca de 20 mil garrafas em um depósito clandestino. A operação aconteceu nesta quinta-feira (2) e a suspeita é que as garrafas seriam usadas em bebidas falsificadas. Segundo informações da rádio O Povo CBN, as embalagens seriam enviadas para Passo Quatro (MG) para o preenchimento.
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