Pnad Contínua: Trabalho aquecido derruba tempo médio de desemprego e eleva renda

há 1 semana 8
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A taxa de pessoas que procuraram emprego por menos de um mês teve queda de -14,2% no terceiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, indicando um mercado de trabalho que, embora esteja desacelerando, ainda mostra resiliência, apontam dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) , divulgados nesta sexta-feira (14).

A pesquisa também indica que a taxa de desocupação do país no terceiro trimestre de 2025 ficou em 5,6%, a menor desde 2012, início da série histórica. O rendimento médio real no trimestre encerrado em setembro ficou em R$ 3.507, 4% acima do registrado no mesmo período do ano passado, quando era de R$ 3.373. O valor, que já considera a inflação, aponta que o empregador está oferecendo melhores salários a fim de atrair e manter talentos.

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Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, afirma queo mercado de trabalho esteve bastante aquecido em 2024 e que, na medida em que 2025 avançava e a taxa de juros subia, a expectativa era de que os dados demonstrassem um desaquecimento mais acentuado, o que não vem ocorrendo.

“Com a taxa de juros em 15%, a gente esperava um desaquecimento do mercado de trabalho, que não vem se traduzindo nos dados. Esperávamos maior estabilidade no crescimento do salário e nas demissões a pedido. Mas os pedidos de demissão voluntária estão aumentando, o que demonstra que as pessoas estão encontrando melhores oportunidades”, avalia.

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Taxa de participação

A taxa de participação na força de trabalho, que mede a proporção de pessoas em idade para trabalhar que estão empregadas ou procurando emprego, permaneceu relativamente estável. Atualmente, 62,2% das pessoas em idade para trabalhar estão na força de trabalho, uma leve queda em relação aos 62,4% do trimestre anterior.

A renda média também apresentou um crescimento notável. O rendimento atual é de R$ 3.507, um aumento de 4% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando era de R$ 3.373. Este crescimento salarial, já corrigido pela inflação, é um indício de valorização da mão de obra. 

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Taxa de desemprego

A taxa de desemprego, um dos principais termômetros do mercado de trabalho, ficou em 5,6% no terceiro trimestre (julho, agosto, setembro), menor do que nos mesmos trimestres dos anos anteriores. Contudo, em comparação com o segundo trimestre deste ano, que registrou 5,8%, a taxa mostra sinais de acomodação.

Feijó explica que essa estabilidade pode ser um reflexo da atuação da política monetária, com a taxa de juros mais elevada, que tem atenuado o dinamismo do mercado de trabalho. Embora a taxa de desemprego esteja em seu menor patamar, ela não apresenta mais quedas expressivas.

Perspectivas para 2026

Para 2025, a expectativa é de uma desaceleração na atividade econômica, com impacto no mercado de trabalho, devido à manutenção da taxa de juros em níveis elevados. No entanto, Feijó enfatiza que se trata de uma desaceleração, não de uma destruição, e o mercado deve permanecer resiliente.

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O cenário para 2026 é mais incerto e dependerá fortemente da política monetária e fiscal. A expectativa de corte de juros pode estimular setores como construção e indústria.

Contudo, questões como a possível revogação do tarifaço, que afeta a indústria, e a continuidade da injeção de dinheiro na economia, que pode impactar a inflação e as decisões do Banco Central sobre os juros, são fatores cruciais a serem observados. A manutenção da taxa de juros alta já aponta para uma desaceleração da atividade em 2026.

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