Petrobras: quanto vai pagar em dividendos até o final do ano? Vale investir já?

há 1 semana 2
ANUNCIE AQUI

A Petrobras (PETR4) sofre pressão de todos os lados – e isso já afetou a distribuição de dividendos em 2025, além de poder redefinir a trajetória de pagamentos nos próximos anos. De um lado, a queda do barril de petróleo derruba receitas. De outro, a companhia fez mais investimentos (capex) no primeiro semestre, o que reduziu o caixa disponível aos acionistas.

Somado a isso, o cenário político também entra em jogo. Embora as eleições presidenciais no Brasil ainda estejam distantes e os candidatos ainda não estejam definidos, analistas projetam caminhos distintos para os dividendos da estatal a depender do resultado das urnas de 2026.

O preço do petróleo

O petróleo caiu 12% neste ano em meio ao aumento de oferta da commodity pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). Na segunda-feira (29), recuou ainda mais após a organização afirmar que iria ampliar a produção, em resposta a uma proposta norte-americana de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. Na terça-feira (30), o Brent foi negociado a US$ 66.

“O excesso de oferta deve persistir, com riscos inclinados para baixo caso a OPEP+ desfaça integralmente os cortes adicionais de 1,66mbd a partir de outubro, o que intensificaria a formação de estoques e limitaria ainda mais os preços. Por ora, a geopolítica permanece como o único suporte real mantendo o Brent na faixa de US$ 66–67/barril”, disse o BTG Pactual, em relatório publicado na semana passada.

Leia também: O que são dividendos e como ganhar dinheiro com eles

Os investimentos em 2025

No lado dos investimentos, a Petrobras registrou capex de US$ 8,4 bilhões nos primeiros trimestres de 2025, acima do esperado pelo mercado. “Os investimentos da companhia foram elevados, chegando a R$ 23,1 bilhões no 2T25, acima das projeções, o que diminuiu o fluxo de caixa livre”, disse Alex Silva, sócio da Aware Investments, a pedido da reportagem.

Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, lembrou que companhia tem projetos de exploração de produção e refino, e “esse investimento pode ‘atrapalhar’ também essa distribuição de dividendos”.

A Petrobras deve divulgar em novembro seu plano de negócios para de negócios para 2026-2030, com uma meta de US$ 8 bilhões em redução de custos ao longo de cinco anos. Isso, segundo o Itaú BBA, pode ser benéfico para os dividendos.

Continua depois da publicidade

Leia mais: Petrobras – redução de capex pode favorecer pagamento de dividendos destravar valor

O que esperar dos dividendos para este ano?

Com base nesse cenário, a expectativa é de distribuição de aproximadamente R$ 1,56 por ação em proventos no segundo semestre, sendo R$ 1,05 em juros sobre capital próprio (JCP) e R$ 0,50 em dividendos. Isso resultaria em um dividend yield (DY, taxa de retorno só com proventos) de 4,91% no período, segundo Silva. Na prática, um investimento de R$ 10 mil renderia cerca de R$ 490 só com proventos no semestre.

Para 2025 como um todo, o dividend yield estimado é de 10% – metade dos 20% registrados em 2024, quando a estatal distribuiu R$ 84 bilhões. Em outras palavras: R$ 10 mil investidos renderiam R$ 2 mil em proventos em 2024, contra R$ 1 mil neste ano.

Lage acredita que a companhia brasileira não deve anunciar dividendos extraordinários até o fim de 2025. Em agosto, o diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, disse que a chance de pagamento de proventos extras caiu diante do cenário do atual.

Continua depois da publicidade

As eleições e os dividendos no futuro

As eleições presidenciais de 2026 ainda estão distantes, mas já aparecem como fator relevante nas projeções para a Petrobras. O resultado das urnas pode alterar a forma como a companhia equilibra investimentos e remuneração aos acionistas – dois elementos que, somados ao preço do petróleo, determinam a capacidade de pagamento.

Se houver continuidade política, disse a Ágora Investimentos em relatório publicado nesta semana, a tendência é de que os investimentos robustos sejam mantidos, o que reduz espaço para dividendos. Nesse cenário, a casa projeta pagamentos anuais entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, com dividend yield em torno de 9% nos próximos três anos.

Com uma troca de governo, há expectativa de redução de capex, retomada de vendas de ativos e cortes de despesas, abrindo espaço para uma distribuição maior. A estimativa da Ágora é de dividendos na casa de US$ 10 bilhões por ano, com yield próximo de 12% nos próximos cinco anos e maior previsibilidade no médio prazo.

Leia também: Volatilidade da eleição de 2026 só será comparada a Dilma-Aécio, diz Stuhlberger

Continua depois da publicidade

Vale investir na Petrobras agora?

Apesar de os dividendos projetados para 2025 ficarem abaixo da média histórica, a Petrobras ainda se destaca frente ao mercado pela combinação de alto dividend yield e valuation descontado, segundo Silva, da Aware Investments.

“A estatal negocia a múltiplos atrativos, com P/L de 4,4x e EV/EBITDA de 2,6x, patamares bem inferiores aos de pares regionais e internacionais. Isso significa que o investidor paga menos pelo mesmo nível de geração de caixa e lucro em comparação a outras petroleiras”, falou.

Mesmo em um cenário de petróleo mais fraco, a companhia deve manter uma remuneração ao acionista próxima de 10% ao ano, ainda acima da média da bolsa brasileira, também disse.

“Dessa forma, a Petrobras segue como uma oportunidade relevante para investidores com visão de longo prazo e tolerância a volatilidade, já que combina fluxo de dividendos elevado com potencial de valorização do papel em caso de recuperação do petróleo e melhora de percepção do risco político”.

Ler artigo completo