Nostalgia: 5 gadgets translúcidos dos anos 90 e 2000 que você precisa relembrar

Em 2022, fiz um artigo com uma lista de 6 eletrônicos que apostaram numa das assinaturas visuais que eu considero mais interessantes em todos os tempos: o design translúcido. Apelidado pelo USA Today de “electronics voyeurism” (voyeurismo eletrônico), esse movimento de design explodiu após o lançamento do iMac G3 em 1998 e suas variações coloridas translúcidas em 1999.

Para qualquer fã de hardware e tecnologia era muito impactante tomar contato com produtos que tinham essa característica, acrescentava uma camada no contato com o produto. Nesta matéria trago a parte 2 deste tema. Separei mais 5 eletrônicos que também apostaram no visual translúcido. 

5 eletrônicos com visual translúcido

Xbox Crystal (Halo Edition)

A Microsoft criou uma das edições mais icônicas de console quase por acidente. O Xbox Crystal, lançado como Halo Edition em mercados específicos, utilizava exatamente o mesmo material translúcido verde dos kits de desenvolvimento do console.

A estratégia da Microsoft era inteligente: em vez de desenvolver novos materiais, reciclaram os assets dos dev kits para criar edições especiais. O Xbox Crystal tornou-se lendário não apenas pela aparência, mas pelo simbolismo – era literalmente um pedaço da história do desenvolvimento de games em formato comercial.

Curiosamente, enquanto os Estados Unidos receberam apenas esta versão verde transparente relacionada ao Halo, outros mercados como Canadá ganharam variações em azul e outras cores. 

Sony WM-3500SP “Whoopee”

Em 1994, a Sony lançou uma das versões mais cobiçadas do Walkman: o WM-3500SP da série Whoopee. Este não era apenas mais um player portátil – era arte que expunha toda a mecânica de reprodução de fitas cassete.

Disponível em versões turquesa, amarelo e dourado, o WM-3500SP permitia ver engrenagens, motores e circuitos funcionando em tempo real. Cada reprodução de música tornava-se um espetáculo hipnotizante de engenharia em movimento, transformando o ato de escutar em experiência visual.

A série Whoopee representou o ápice da experimentação da Sony com materiais transparentes. Décadas depois, unidades originais tornaram-se peças de colecionador, símbolos de uma era onde a tecnologia não tinha medo de se mostrar mais ousada.

Harman Kardon SoundSticks II

Poucos produtos de áudio conseguiram transcender sua função original para se tornarem ícones culturais. Os SoundSticks II da Harman Kardon conseguiram. Lançados em 2000 como resultado da parceria entre Jony Ive, Steve Jobs e a Harman Kardon, estes alto-falantes foram direto para a coleção permanente do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) – o único sistema de áudio a receber tal honra.

A genialidade estava na simplicidade: policarbonato cristalino revelando drivers e componentes internos, criando uma estética futurista atemporal. Cada alto-falante satélite era uma escultura funcional, enquanto o subwoofer iSub parecia uma nave espacial pousada na mesa.

Os SoundSticks II, lançados em 2004, refinaram o conceito original adicionando controles capacitivos e entrada auxiliar. Mesmo duas décadas depois, continuam sendo referência em design de áudio, provando que quando forma e função se encontram perfeitamente, o resultado é eterno.

Samsung Spectrum 20

A Samsung Spectrum 20, lançada em 1999, representa um dos exemplos mais puros de como a febre translúcida dos anos 90 se espalhou além dos computadores. Esta câmera compacta de filme 35mm não era apenas mais um point-and-shoot – era uma declaração visual ousada em plástico que permitia espiar toda a mecânica fotográfica em funcionamento.

Disponível principalmente na icônica versão azul translúcida, a Spectrum 20 também teve variações em verde e outras cores. O design transparente não era mero capricho estético – seguia a filosofia da época de “honestidade tecnológica”, onde mostrar os componentes internos simbolizava confiança na engenharia.

A Samsung apostou na simplicidade: lente fixa de 30mm, flash embutido, avanço automático e rebobinamento automático. Com suporte a filmes ISO 100-400 e alimentação por duas pilhas AA, era a democratização da fotografia analógica com personalidade visual única.

NTT DoCoMo Pocket Board Pure

Em 1999, no auge da era dos assistentes pessoais digitais, a NTT DoCoMo lançou no Japão o Pocket Board Pure. Este dispositivo representava a visão futurista de mobilidade e conectividade, anos antes dos smartphones dominarem o mercado

O Pocket Board Pure combinava funcionalidades de PDA com capacidades de e-mail, tudo embalado em uma carcaça translúcida que exibia orgulhosamente sua engenharia interna. Era mais que um gadget – era uma declaração de como a tecnologia japonesa estava décadas à frente em design e funcionalidade móvel.

A estética transparente não era apenas visual: simbolizava transparência tecnológica, permitindo aos usuários literalmente ver como a magia da comunicação digital acontecia. Foi um precursor direto dos smartphones modernos, mostrando que a convergência entre computação e comunicação era inevitável.

Estes cinco produtos compartilham mais que material transparente – representam um momento único na história do design industrial. Entre os anos 90 e início dos 2000s, a transparência simbolizava inovação, honestidade tecnológica e ruptura com convenções estabelecidas.

Ainda hoje algumas marcas ainda apostam nessa característica, mas isso é papo para outro momento.