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A Natura (NTCO3) voltou ao centro das atenções do mercado após anos de reorganização interna, venda de ativos e reestruturação operacional. A empresa, que já foi símbolo de expansão acelerada, tenta agora inaugurar um novo ciclo: o do crescimento baseado em eficiência.
Para gestores que acompanham o setor de consumo, essa virada pode recolocar a companhia entre os principais cases da Bolsa brasileira.
Segundo especialistas, a combinação de corte de despesas, foco em margens e revisão estratégica permitiu estabilizar a operação. Ivan Barboza, sócio e gestor da Ártica Capital, avalia que a fabricante de cosmético está diante de uma etapa decisiva.
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“A Natura passou anos colocando a casa em ordem. Agora, ela entra em um momento de execução, e execução é o que o mercado quer enxergar”, afirma.
Os próximos trimestres serão cruciais para validar essa percepção. Analistas destacam que, após um ciclo de volatilidade, investidores buscam previsibilidade — e isso depende da consolidação de margens mais saudáveis.
“Se a empresa continuar nessa linha, o mercado tende a reconhecer”
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A maior disciplina operacional, somada à governança reforçada, reposiciona a Natura numa vitrine global do varejo.
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Mesmo em um ambiente competitivo e pressionado pelo cenário macroeconômico, há consenso de que a empresa está mais preparada para atravessar eventuais choques.
Para o gestor, “a Natura aprendeu muito na última década. O desafio agora é transformar aprendizado em resultado.”
A entrevista com Barboza foi concedida ao Stock Pickers, apresentado por Lucas Colazzo.
Suzano se torna exceção no universo das commodities
Apesar de ser reconhecido por um perfil defensivo e avesso a esse tipo de ativo, ele revela que a Suzano (SUZB3) entrou no radar da Ártica Capital desde 2021 — mas com condições rígidas para virar investimento.
A tese se apoia no diferencial competitivo da companhia: “A Suzano é a empresa que tem o menor custo de produção de celulose no mundo”, lembra Barboza.
Para ele, entrar no papel só faria sentido se duas exigências difíceis fossem atendidas: preço da celulose muito baixo e conclusão de um ciclo robusto de investimentos.
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Ambas ocorreram recentemente. A companhia entregou o Projeto Cerrado, uma das maiores e mais eficientes fábricas de celulose do planeta, e o preço da commodity — que tem média histórica perto de US$ 640 — chegou a bater US$ 500.
“Você pega a empresa com uma fábrica nova, excepcional, no momento em que o setor está mal. Então, ela está barata”
Essa conjunção de fatores cria um ponto de entrada raro. Em um cenário ruim — celulose a US$ 500 e dólar a R$ 5 — a Suzano já geraria cerca de 13% de caixa em relação ao valor de mercado.
Com dólar a R$ 5,30 e celulose voltando à média, o número sobe para 22%. Para Barboza, a assimetria é evidente: há mais espaço para subir do que risco de deterioração estrutural.
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China, ciclos e a lógica por trás do tombo da celulose
A forte queda dos preços da celulose tem origem principalmente na China, onde a desaceleração da construção civil deslocou parte da madeira, antes destinada ao setor, para a produção de celulose.
O movimento adicionou pressão à oferta global, mesmo que a demanda estrutural permaneça estável.
A explicação é simples: cerca de 80% da celulose mundial é usada para fabricar papel — de papelão a embalagens — e outros 20% abastecem o mercado spot, onde a Suzano atua.
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Como essa parcela é pequena em relação ao consumo total, oscila mais e funciona como uma espécie de alavanca. Ainda assim, trata-se de um mercado pulverizado e de demanda resiliente, com produtos essenciais como fraldas, papel higiênico e absorventes.
Barboza avalia que o movimento da China não deve se perpetuar. Os custos da produção local são elevados e não há incentivo para expansão de florestas voltadas à celulose, o que sugere uma tendência de aumento das importações chinesas ao longo dos próximos anos. Se isso ocorrer, reforça o gestor, a tese de longo prazo da Suzano tende a se comprovar.
Mesmo em um cenário pessimista, a geração de caixa ainda seria relevante. “A Suzano propulsiona bastante as commodities, é nervosa, mas tem muito mais espaço para cima do que para baixo”, afirma.
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Para ele, se alguém for expulso deste mercado em momentos de aperto, certamente não será a empresa brasileira.
A posição da Suzano dentro do debate ESG
O tema ESG também permeou a conversa, sobretudo pela aparente contradição entre cortar árvores e integrar carteiras sustentáveis. Barboza explica que a empresa conquistou espaço relevante em fundos ESG justamente por apresentar balanço de carbono positivo — já que planta e renova suas próprias florestas.
Essa característica cria inclusive receitas adjacentes com venda de créditos de carbono, embora o mercado brasileiro ainda esteja em consolidação. Fundos de pensão internacionais, porém, seguem sensíveis ao tema e consideram esse diferencial relevante na alocação.
Barboza observa que a discussão ESG vive altos e baixos, mas não deixa de ser importante para empresas globais do setor de papel e celulose.
“É uma agenda que às vezes parece boazinha, mas no fim vira um negócio de sobrevivência corporativa”, afirma.

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