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Presidente esteve na inauguração de uma fábrica de automóveis elétricos na região metropolitana de Salvador e provou o prato típico dias depois de comer a iguaria em Belém. | Reprodução/Instagram @lulaoficial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou um momento descontraído durante agenda oficial nesta quinta-feira (9), ao lado, entre outras figuras políticas, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Na inauguração da primeira fábrica de automóveis elétricos de uma montadora chinesa na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, Lula provocou uma disputa gastronômica entre os dois estados: afinal, qual região brasileira faz a melhor maniçoba?
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Na última semana, o presidente visitou a capital paraense para inspecionar o avanço das obras preparatórias para a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, programada para acontecer entre 10 e 21 de novembro, e provou um prato típico do estado: a maniçoba.
Hoje o desafio é sério! Dois patrimônios da nossa cultura gastronômica estão em disputa. Qual maniçoba é a melhor do Brasil: a paraense ou a baiana?
Viva a culinária brasileira, rica em sabores e tradições. E aí, de que lado você está? 🇧🇷🍲
— Lula (@LulaOficial) October 4, 2025
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Já durante a visita à Bahia, Lula experimentou a iguaria também típica do estado nordestino e convocou oficialmente o desafio culinário.
Vistoria de obras para a conferência do clima
Durante a agenda em Belém, Lula inspecionou as intervenções de macrodrenagem e urbanização do Canal da União, parte do projeto da Bacia do Tucunduba.
O presidente também conheceu o complexo Porto Futuro II, que reúne o Museu das Amazônias, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, a Caixa Cultural e o Porto Gastronômico.
A brincadeira sobre a maniçoba reflete o bom humor característico de Lula e evidencia as semelhanças e diferenças culturais entre regiões distantes do país que compartilham tradições culinárias.

A maniçoba paraense: feijoada da Amazônia
No Pará, a maniçoba é considerada patrimônio culinário da região amazônica, especialmente celebrada em Belém. O prato tem como base as folhas da mandioca brava, também conhecida como maniva, que são trituradas e submetidas a um cozimento prolongado de cinco a sete dias.
Esse processo longo é fundamental para eliminar o ácido cianídrico, substância tóxica naturalmente presente na planta crua. Após o cozimento, as folhas se transformam em uma pasta escura e encorpada.
A essa base são incorporadas diversas carnes salgadas e defumadas: charque, paio, toucinho, linguiça, costelinha e outras opções similares às utilizadas na feijoada.
Por essa semelhança, a maniçoba ganhou o apelido de "feijoada paraense", embora não contenha feijão em sua composição.
O sabor forte e marcante do prato é tradicionalmente acompanhado por arroz branco e farinha de mandioca. A maniçoba tem presença garantida nas celebrações do Círio de Nazaré, uma das maiores manifestações religiosas do Brasil.
A versão baiana: tradição afro-indígena
A maniçoba preparada na Bahia mantém semelhanças com a receita paraense, mas incorpora elementos próprios da culinária afro-baiana. O preparo também utiliza folhas de mandioca brava moídas e cozidas por vários dias — geralmente uma semana inteira — até eliminar completamente a toxina natural.
Após esse processo, as folhas formam uma base densa e escura, à qual se adicionam carnes salgadas e defumadas como charque, carne de porco, linguiça, pé, orelha e costelinha.
A diferença principal está nos temperos característicos da Bahia: alho, cebola, pimenta, louro e, em algumas versões, azeite de dendê.
Os acompanhamentos também diferenciam as duas versões. Enquanto no Pará predominam arroz branco e farinha seca, na Bahia o prato pode vir acompanhado de arroz, farofa, laranja e pimenta malagueta, remetendo às refeições fartas das tradições do candomblé.
Comida ritual e celebração
Na Bahia, a maniçoba transcende o aspecto culinário e se torna alimento ritual e celebrativo. O prato está presente em festas religiosas e populares, especialmente em Salvador e no Recôncavo Baiano, onde a receita carrega raízes afro-indígenas e mantém conexão com oferendas e banquetes das casas de axé.
Essa dimensão espiritual e comunitária da maniçoba baiana adiciona camadas de significado cultural que vão além do sabor, tornando cada preparo um ato de preservação de tradições ancestrais.
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