Lula celebra “novo momento” com EUA e diz Rubio ligou para chanceler Mauro Vieira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (9) que as negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre o tarifaço de 50% aplicado por Washington a produtos brasileiros começaram a avançar.

Segundo Lula, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, telefonou na quarta-feira (8) para o chanceler Mauro Vieira para discutir os próximos passos do diálogo bilateral.

“Agora começa um outro momento. Ainda ontem o secretário de Estado Marco Rubio ligou para o meu ministro Mauro Vieira, talvez comece a ter conversa a partir de agora. Vamos ver se a gente consegue se acertar. O Brasil não quer briga com os EUA”, disse o presidente em entrevista à rádio Piatã, da Bahia.

A ligação ocorre três dias após a conversa de 30 minutos entre Lula e o presidente Donald Trump, na segunda-feira (7). O telefonema foi o primeiro contato direto entre os dois líderes desde a posse do republicano.

Rubio assume interlocução

Rubio foi designado por Trump para coordenar as negociações com a equipe brasileira, formada por Mauro Vieira (Relações Exteriores), Geraldo Alckmin (vice-presidente) e Fernando Haddad (Fazenda).

A nomeação do senador republicano gerou preocupação no Itamaraty, mas Lula minimizou o risco e destacou o “tom cordial” da conversa com o líder americano.

“Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode lidar com o outro. Eu disse: ‘Presidente, precisamos nos tratar sem liturgia, você me chama de você, eu chamo você de você. Somos dois senhores de 80 anos, presidimos as duas maiores democracias do Ocidente e precisamos passar para o resto do mundo cordialidade, harmonia e não discórdia e briga’”, relatou Lula.

Sobretaxas e sanções

Durante o telefonema, Lula pediu a Trump a retirada das sobretaxas impostas aos produtos brasileiros e das sanções contra autoridades do Judiciário, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo americano aplicou em 6 de agosto uma tarifa adicional de 40% sobre exportações brasileiras, além dos 10% já em vigor — medida que o Brasil considera politicamente motivada. Segundo Lula, o pedido feito a Trump é para a redução de 40%, mantendo apenas a alíquota de 10% comum a outros países.

“Expliquei a ele que o Brasil não é inimigo dos Estados Unidos e que ele não tinha recebido informações corretas. O Brasil quer um relacionamento respeitoso, com diálogo e parceria”, disse Lula.