Herdeiros de Tarsila do Amaral questionam autentificação das obras da artista

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A disputa pelo controle do legado de Tarsila do Amaral, um dos nomes mais importantes do modernismo brasileiro, ganhou um novo capítulo. Um grupo de herdeiros da artista prepara a divulgação de uma carta pública que expõe divergências internas sobre a gestão dos direitos autorais e o comando da marca que representa a pintora. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo.

O documento, assinado por um conjunto relevante entre os 56 herdeiros da artista, manifesta “preocupação extrema” com os rumos da administração dos direitos de imagem e das autenticações de suas obras.

O texto marca uma ruptura aberta entre descendentes que disputam quem deve controlar o patrimônio simbólico e financeiro de Tarsila, e, sobretudo, quem se beneficia das operações comerciais ligadas ao seu nome.

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Polêmica sobre tela milionária

A nova tensão surgiu após uma conferência na Casa das Rosas, em São Paulo, onde representantes da atual empresa que administra a marca Tarsila do Amaral apresentaram o novo processo de autenticação de obras.

O procedimento agora passa pelas mãos do perito Douglas Quintale, contratado por um grupo de herdeiros que rompeu com a antiga gestão.

Quintale é o mesmo especialista que atestou como autêntica uma pintura polêmica atribuída a Tarsila, exibida na feira SP-Arte de 2023.

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A obra, inicialmente ofertada por R$ 16 milhões, hoje é negociada por cerca de R$ 60 milhões, mas sua autenticidade foi contestada por boa parte do meio artístico brasileiro, que considera o quadro incompatível com o traço e o histórico da artista.

Segundo críticos, o fato de a obra ter supostamente permanecido “desaparecida” por décadas no Líbano e reaparecido subitamente no mercado de arte levantou desconfianças sobre sua origem.

Para os herdeiros favoráveis à autenticação, no entanto, o reconhecimento da pintura pode render valores expressivos via direito de sequência, percentual de revenda a que o artista, ou seus sucessores, têm direito.

Controle do espólio

O embate gira em torno da Tarsila do Amaral Empreendimentos e Licenciamentos (Tale), empresa familiar responsável pela gestão da imagem e dos direitos autorais da pintora.

Um grupo de descendentes, liderado por Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da artista e antiga responsável pela administração do espólio, tenta retomar o controle das decisões e afastar a atual diretoria da Tale.

Na carta, os herdeiros afirmam não reconhecer a empresa como legítima controladora dos direitos da modernista. O grupo critica ainda a substituição de pesquisadores que trabalhavam na elaboração do catálogo raisonné de Tarsila — o registro oficial e definitivo de todas as suas obras conhecidas —, entre eles a historiadora Aracy Amaral, considerada a maior especialista na obra da artista.

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Os signatários acusam a atual direção da Tale de ter silenciado vozes críticas e promovido uma guinada na política de autenticação das obras, com impacto direto no mercado de arte e no valor das peças associadas a Tarsila.

Atual gestão

Procurada pela Folha, Paola Montenegro, sobrinha-bisneta da artista e atual diretora da Tale, afirmou que a empresa não comentará opiniões individuais. “O trabalho que foi realizado envolve competências técnicas de especialistas e peritos”, disse, em nota.

A Tale tem sido responsável, nos últimos anos, por licenciamentos comerciais, exposições e parcerias institucionais com museus e marcas. A empresa também vem conduzindo a revisão dos critérios de autenticação das obras, um processo que agora se tornou o centro da disputa familiar.

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