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A ala militar do Hamas, as Brigadas Qassam, afirmou na noite desta quarta-feira (15) que entregou todos os restos mortais dos reféns israelenses que conseguiu recuperar sem equipamento adicional, o que pode colocar em risco o cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza.
Em um comunicado, o grupo militante palestino disse que “cumpriu o que foi acordado e entregou todos os que tinha em termos de reféns vivos e os corpos que conseguiu recuperar”. Porém, afirmou que precisava de “equipamento especial” para encontrar e extrair os restos mortais dos demais reféns falecidos, acrescentando que estava “fazendo grandes esforços”.
Segundo os termos do cessar-fogo mediado internacionalmente na semana passada, Israel e Hamas deveriam cessar os combates, e o grupo militante devolveria todos os reféns que mantinha — tanto os vivos quanto os corpos dos que morreram, totalizando 48 pessoas — em troca da libertação de palestinos detidos por Israel, entre outras condições.
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O Hamas libertou os 20 reféns vivos na segunda-feira, e militantes em Gaza entregaram nos dias seguintes os restos mortais de oito pessoas. Israel identificou seis desses corpos como israelenses e um como nepalês. A identidade do oitavo ainda não estava clara.
O anúncio de que o Hamas não conseguiu recuperar os restos mortais de mais reféns veio após o grupo entregar mais dois caixões à Cruz Vermelha na quarta-feira, elevando para 10 o total de corpos entregues. No entanto, isso deixou os restos mortais de mais de uma dúzia de pessoas sem localização.
Embora o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tenha confirmado o recebimento de dois caixões da Cruz Vermelha na noite de quarta-feira, um representante de Netanyahu preferiu não comentar imediatamente a última declaração do Hamas.
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O acordo de trégua previa a entrega imediata de todos os corpos restantes dos reféns em Gaza — estimava-se que cerca de 25 reféns falecidos estivessem retidos lá antes do cessar-fogo. Mas o acordo reconhecia que alguns corpos poderiam ser difíceis de localizar e levar mais tempo para serem recuperados devido à destruição generalizada no enclave. Dois anos de ataques israelenses reduziram grande parte de Gaza a escombros.
Tanques israelenses no centro de Gaza no ano passado. Eles foram fotografados durante uma visita acompanhada pelo exército israelense. Crédito: Avishag Shaar-Yashuv para The New York Times
Na segunda-feira, o governo israelense avaliava medidas para penalizar o Hamas por não entregar mais corpos, segundo dois diplomatas informados por autoridades israelenses e três oficiais israelenses que falaram sob condição de anonimato para discutir assuntos sensíveis.
Na quarta-feira, após o anúncio do Hamas, o gabinete do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou em comunicado que ele havia ordenado ao Exército israelense que preparasse um plano para a derrota total do Hamas em Gaza caso o grupo não cumprisse os termos do acordo divulgado pelo presidente Donald Trump no final do mês passado, que também exigia o desarmamento do Hamas.
“Se o Hamas se recusar a cumprir o acordo, Israel, em coordenação com os EUA, retornará aos combates e trabalhará para derrotar completamente o Hamas, mudar a realidade em Gaza e alcançar todos os objetivos da guerra”, dizia o comunicado.
A questão levantada pela última declaração do Hamas é se Israel e os Estados Unidos interpretarão isso como uma violação do acordo.
Trump já havia criticado o Hamas na terça-feira, dizendo em uma postagem no Truth Social que “o trabalho não está concluído”.
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“Os mortos não foram devolvidos, como prometido”, escreveu.
Trump também afirmou que o Hamas havia concordado em se desarmar, embora o grupo não tenha confirmado publicamente essa posição.
Em entrevista à CNN na quarta-feira, Trump disse que, se o Hamas se recusasse a se desarmar, “Israel voltará às ruas assim que eu disser a palavra”, sugerindo que os combates em Gaza poderiam recomeçar. Mas Trump também celebrou o acordo e afirmou que as perspectivas de paz a longo prazo eram positivas, dado o apoio regional ao seu plano.
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Catar, Egito e Turquia foram mediadores do acordo, junto com os Estados Unidos, e na segunda-feira seus chefes de Estado e Trump assinaram um compromisso para “trabalhar coletivamente” na implementação do acordo em uma conferência sobre o cessar-fogo realizada no Egito e que contou com a presença de dezenas de líderes mundiais.
Segundo os termos do acordo, o Hamas deve compartilhar qualquer informação de inteligência que tenha sobre onde os corpos podem estar, e ainda há alguma chance de que as autoridades israelenses aceitem as alegações do grupo de que não conseguiu recuperar os restos mortais devido às condições na Faixa de Gaza.
O acordo de trégua detalha como os restos mortais dos antigos reféns em Gaza podem ser localizados e devolvidos caso o Hamas não consiga fazê-lo imediatamente. Prevê a criação de uma força-tarefa conjunta, que incluiria os Estados Unidos e outros mediadores, para compartilhar informações e ajudar a encontrar os corpos restantes, segundo três oficiais israelenses que falaram sob condição de anonimato para se manifestar publicamente.
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Esses oficiais disseram que Israel acredita que o Hamas sabe onde estão muitos, mas não todos, os corpos.
c.2025 The New York Times Company

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