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O encontro entre o ministro Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que ocorreu na quinta-feira em Washington, aumentou no governo brasileiro a expectativa de que os Estados Unidos poderão aliviar o tarifaço nos próximos dias. Por outro lado, Brasília acredita que as sanções aplicadas contra cidadãos brasileiros, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, serão mais difíceis de serem derrubadas a curto prazo. Na matemática política, a justificativa de um possível recuo poderia comprometer Rubio e outros integrantes do governo de Donald Trump com suas bases eleitorais.
A reunião de uma hora ocorreu na sede do Departamento de Estado e começou com uma conversa reservada entre Vieira e Rubio, seguida de um encontro ampliado com diplomatas das duas delegações. Após o encontro, o chanceler brasileiro afirmou que a discussão tratou de um marco geral para orientar as negociações e estimou que um entendimento provisório pode ser firmado ainda em novembro, para que as tratativas mais amplas avancem no início de 2026. O governo brasileiro propõe a suspensão temporária das tarifas até que se possa chegar a um acordo.
O movimento atual é visto por integrantes do governo como resultado direto da conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano, Donald Trump, na Malásia, há duas semanas. Os dois mandatários decidiram destravar a agenda política bilateral e reabrir o diálogo técnico sobre comércio.
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De acordo com Mauro Vieira, o governo brasileiro encaminhou a Washington uma proposta no último dia 4 de novembro. O chanceler disse esperar uma resposta em breve. O conteúdo do documento é sigiloso. Segundo interlocutores a par do assunto, o Brasil pede a suspensão do tarifaço enquanto as negociações ocorrerem, o que pode levar algo em torno de 90 dias, ou a ampliação do número de produtos livres do tarifaço.
Em julho deste ano, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros, que passou a vigorar em agosto, e usou como principal justificativa a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro perante o Judiciário brasileiro. A nova tarifa atinge produtos como carne, café, frutas, pescados, suco de laranja e máquinas industriais. Os efeitos foram imediatos: enquanto o déficit comercial do Brasil com os EUA somou US$ 234 milhões em todo o ano de 2024, apenas em outubro — terceiro mês do tarifaço — o saldo negativo chegou a US$ 1,7 bilhão. Nos dez primeiros meses de 2025, o déficit acumulado já atinge US$ 6,8 bilhões.
Os EUA impuseram sanções a Alexandre de Moraes com base na Lei Global Magnitsky, determinando bloqueio de bens, restrições financeiras e proibição de entrada no país. As medidas também alcançaram sua esposa, Viviane Barci de Moraes, e o Instituto Lex, ligado à família, igualmente submetidos ao congelamento de ativos e a impedimentos para manter relações com cidadãos e empresas americanas.
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Além das sanções econômicas, Washington avançou em outra frente: a revogação de vistos de autoridades brasileiras. Entre os atingidos estão ministros do STF — Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin —, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
O governo brasileiro sustenta que as medidas carecem de justificativa econômica, já que os EUA seguem registrando superávit no comércio bilateral mesmo após a entrada em vigor das tarifas. Além disso, Brasília tenta evitar que a disputa se aprofunde no âmbito da Seção 301 da Lei de Comércio americana, que apura temas como comércio digital, propriedade intelectual, serviços financeiros e o uso do Pix como sistema de pagamentos instantâneos.

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