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Em agosto, o Brasil gerou 147.358 vagas de emprego com carteira assinada, resultado de 2,24 milhões de contratações contra 2,09 milhões de demissões, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta segunda-feira (dia 29). O saldo subiu em relação aos 134.251 postos registrados em julho, mas o resultado é o mais baixo para o mês desde 2020.
A geração de empregos no mês passado representa uma queda de 38,3% em relação a agosto do ano passado, quando foram criados 239 mil empregos formais. A desaceleração foi mais intensa que a mediana prevista pelo mercado (184 mil, segundo o Valor Data).
Impacto do tarifaço e dos juros
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o resultado mostra que o mercado de trabalho formal “cresce menos, mas continua crescendo”. Na avaliação de Marinho, é possível que as tarifas impostas pelo governo americano ao Brasil tenham tido “um pequeno impactado” na geração de emprego no Sul do país. Mas, para o ministro, “o impacto maior é dos juros”.
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Os números divulgados ontem fazem parte do Novo Cadastro Geral da Empregados e Desempregados (Caged), sistema do governo que acompanha as admissões e demissões de trabalhadores com carteira assinada, um dos principais termômetros do emprego no Brasil.
A comparação dos números com anos anteriores a 2020, segundo analistas, não é adequada porque a metodologia da pesquisa sofreu mudanças.
Por que o quadro no emprego está mudando?
Segundo análise da Genial Investimentos, o resultado “corrobora a perspectiva de que o mercado de trabalho seguirá resiliente ao longo dos próximos meses, mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso (…), sugerindo que o processo de desaceleração da economia brasileira deve ocorrer de maneira bastante gradual”.
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Para Rodolfo Margato, economista da XP, a sondagem do o Caged “corrobora o cenário de mercado de trabalho apertado”:
— Em nossa visão, a taxa de desemprego permanecerá abaixo do seu nível neutro, que estimamos entre 7% e 7,5%, por um período bastante prolongado.
O setor de serviços foi o maior gerador de postos de trabalho com carteira assinada em agosto, com saldo de 81.002 novas vagas. O comércio gerou 32.612 vagas formais, a indústria teve saldo positivo de 32.612, e a Construção criou 17.328 postos formais.
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Agro na contramão
Na contramão, a agropecuária registrou saldo negativo, com 2.665 demissões. A analista de Macroeconomia da InvestSmart, Sara Paixão, comenta o resultado negativo do agro:
— O impacto nos empregos da agropecuária pode estar relacionado ao fim da supersafra, que ocorreu no início do ano. Um outro fator que tende a impactar o emprego na agropecuária são as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos importados do Brasil.
Sara avalia que uma acomodação do mercado de trabalho é natural no segundo semestre, diante da taxa básica de juros mantida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
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— O Caged já apresenta o segundo mês consecutivo de surpresa negativa, o que reforça as expectativas de que o BC deve iniciar o corte de juros durante o primeiro trimestre de 2026 — disse.
Saldo no ano diminui
De acordo com os dados totais Caged, no acumulado de janeiro a agosto o saldo é de criação de 1.501.903 empregos com carteira, 13,8% menor na comparação com o mesmo período de 2024, quando foram abertas 1,74 milhão de vagas formais.
Apesar da desaceleração, o Brasil contava 48,68 milhões de empregados com carteira assinada no fim de agosto, um aumento na comparação com julho deste ano (48,55 milhões) e com relação a agosto de 2024 (47,35 milhões).
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Em relação ao salário médio de admissão, houve alta de 0,56% em relação a julho e variação real anual de 0,86%, passando de R$ 2.275,42 em agosto de 2024 para R$ 2.295 este ano.