FPS menor que 21: entenda escândalo da ‘falsa proteção’ levanta preocupações globais

há 6 dias 3
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Um escândalo que envolveu a eficácia de protetores solares abalou a Austrália e levantou preocupações globais sobre a confiabilidade de testes clínicos de segurança. Fabricantes de 18 marcas suspenderam as vendas após a Administração de Produtos Terapêuticos (TGA), órgão regulador do governo australiano, constatar que mais de 20 produtos não ofereciam o nível de proteção prometido no rótulo.

O caso teve início em junho, quando a entidade de defesa do consumidor Choice testou 20 marcas populares e descobriu que apenas quatro apresentavam Fator de Proteção Solar (FPS) compatível com a embalagem.

A investigação oficial, concluída em 30 de setembro, revelou irregularidades graves: alguns produtos que anunciavam FPS 50+ “provavelmente não tinham um FPS superior a 21”. Em um caso identificado pela Choice, um protetor rotulado como de alta proteção oferecia, na prática, somente FPS 4.

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Após o relatório, oito marcas recolheram voluntariamente os produtos, dez tiveram a comercialização suspensa pela TGA, dois seguem em análise e um não é vendido na Austrália.

Origem do problema

A investigação mostrou que todos os produtos irregulares compartilhavam a mesma fórmula base, fabricada pela farmacêutica Wild Child Laboratories. A falha, entretanto, não estaria na produção, mas nos testes clínicos realizados pela americana Princeton Consumer Research (PCR Corp), responsável por certificar o FPS.

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 Diante do escândalo, a Wild Child rompeu o contrato com a PCR Corp, movimento seguido por outras farmacêuticas que também utilizavam os serviços da empresa. Em defesa, a PCR Corp alegou que não houve erro direto em seus testes:

“Fatores externos ao laboratório — como variabilidade de fabricação entre lotes, diferenças na matéria-prima, embalagem, condições de armazenamento, idade do produto e manuseio no mercado — podem influenciar o FPS dos produtos vendidos posteriormente. O desempenho do protetor solar medido em laboratório reflete o lote exato e a condição da amostra enviada naquele momento”, disse a empresa em nota.

Maior taxa de câncer de pele do mundo

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Na Austrália, protetores solares são classificados como produtos terapêuticos, não apenas cosméticos, o que exige rotulagem precisa e comprovação de eficácia.

A preocupação é especialmente grave porque o país tem a maior taxa de câncer de pele do mundo. Em 2024, quase 19 mil australianos foram diagnosticados com melanoma, segundo dados oficiais.

Especialistas alertam ainda para o impacto internacional. A PCR Corp certificava produtos exportados para outros países, o que pode ampliar o alcance da fraude. O episódio expõe não apenas falhas na regulação, mas também riscos diretos à saúde pública, já que milhões de consumidores podem ter confiado em uma proteção inexistente contra os efeitos nocivos do sol.

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