Férias sem ressaca: hotéis apostam em experiências de bem-estar em vez de baladas

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(Bloomberg) — Em Londres, o lendário ponto de festas Tramp está abrindo um clube de bem-estar de 1.486 metros quadrados chamado Tramp Health. Na Riviera Maya, no México, o Rosewood Mayakoba agora oferece programação noturna como yoga ao luar e celebrações da lua cheia com um bar sem bebidas alcoólicas. E em Ibiza, a ilha balear conhecida pela festa, o novo Soho Farmhouse Ibiza está iniciando retiros de saúde e tentando se posicionar como um refúgio de relaxamento.

Empresas de hospitalidade estão se adaptando a uma mudança cultural que coloca o bem-estar como prioridade máxima, com mais pessoas focando na saúde e menos gastando em serviço de garrafas em bares. Segundo uma pesquisa da Gallup em julho, uma porcentagem recorde de americanos — 54% — disse que consome álcool, o menor índice desde que a Gallup começou a acompanhar a questão em 1939. A crença entre os americanos de que até o consumo moderado de álcool faz mal à saúde é agora a visão majoritária pela primeira vez, diz a Gallup.

“Hoje em dia, viver plenamente não é só sobre noites longas, por mais que eu as adore. É também sobre saúde, vitalidade e pertencimento,” diz o empreendedor de estilo de vida Luca Maggiora, fundador e CEO da Tramp Holdings. Ele afirma que o Tramp Health parece uma extensão natural dessa filosofia. O clube de bem-estar deve abrir nesta primavera no mesmo prédio na Grosvenor Square onde fica o novíssimo hotel Chancery Rosewood.

Um novo clube para membros chamado Long Lane também deve abrir em West Sussex, com foco em longevidade e um cardápio de bar sem álcool. Seus fundadores estão promovendo o local como um Soho House sem ressaca. Mas o próprio Soho House tem feito um esforço concentrado para adicionar opções com pouco ou nenhum álcool nos cardápios de seus clubes ao redor do mundo, e tem o bem-estar como foco em sua nova unidade Farmhouse em Ibiza. A academia funciona 24 horas por dia, e os hóspedes podem relaxar em banhos estilo onsen [em águas termais] ou receber infusões intravenosas de NAD+[sigla, em inglês, para Dinucleotídeo de Nicotinamida e Adenina, um tipo de coenzima].

Executivos da hospitalidade notam a mudança do consumo de álcool para o bem-estar. “Fazemos um jantar comunitário duas vezes por semana, e eu estava sentado no sábado com um grupo de oito jovens, e eles não bebem mais. É um novo compromisso com a saúde,” diz Edouard Grosmangin, diretor-gerente do Rosewood Mayakoba e vice-presidente regional da marca no México e América do Sul.

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Ele afirma que a nova programação do hotel para um tipo diferente de noite reflete isso. Das 20h à meia-noite, os hóspedes têm a oportunidade de trocar jantar e bebidas por exercícios de respiração, um banho noturno em uma piscina de gelo ao lado do cenote [poço ou reservatório natural] ou um ritual de cacau para preparar chocolate quente mexicano. “Para mim, isso é ouvir os hóspedes e o que eles querem agora,” diz. “Vai além de massagens e tratamentos faciais no spa.”

Agentes de viagem também estão percebendo a mudança de gostos.

“Muitos de nossos clientes estão abandonando viagens pesadas e cheias de álcool para experimentar experiências de bem-estar mais incomuns,” diz Carolyn Addison, chefe de produto da empresa de viagens de luxo Black Tomato, que afirma haver um enorme capital no lado do bem-estar no turismo atualmente.

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“Uma grande tendência que vimos são as experiências de natação selvagem — ou banho selvagem, como preferir,” diz Addison. “Isso é tremendamente popular entre nossos clientes em cidades também, como Dublin, Antuérpia e Oslo. Há algo catártico nesse exercício, e ele traz uma sensação de paz.” Até mesmo Canary Wharf, em Londres, virou ponto para nadar.

Até o sul da França, ensolarado e banhado por rosé, está vendo aumento na demanda por bem-estar. O luxuoso novo Arev Hotel na badalada cidade turística de Saint-Tropez está trazendo Emma Estrela, uma das principais especialistas no método Wim Hof, para uma residência em novembro. Os hóspedes poderão se banhar nas águas mais frias da baía de Saint-Tropez em novembro e praticar exercícios de respiração.

Essas novas ofertas de bem-estar estão ficando cada vez mais competitivas à medida que a tendência do turismo de bem-estar — avaliada em US$ 830 bilhões, segundo o Global Wellness Institute — cresce exponencialmente em popularidade. Os hóspedes estão mais dispostos a gastar com coisas como yoga sob as estrelas ou infusões intravenosas em Ibiza, enquanto gastam menos no bar.

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“O mercado dos EUA e o Brasil, onde passei mais de cinco anos, estão extremamente, extremamente preocupados com o bem-estar,” diz Grosmangin, do Rosewood. “Nunca vi tanta preocupação com o corpo e ir à academia todos os dias.”

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