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O ex-diretor do FBI, James Comey, declarou-se inocente nesta quarta-feira (8) das acusações de ter mentido a parlamentares e obstruído um procedimento no Congresso norte-americano.
Comey contesta as acusações apresentadas no mês passado por uma nova procuradora dos EUA para o Distrito Leste da Virgínia, nomeada pelo presidente Donald Trump após a renúncia de seu antecessor sob pressão. A denúncia alega que Comey fez uma declaração falsa durante o interrogatório de um senador em uma audiência de 2020.
Ao ser questionado pelo juiz se entendia as acusações, Comey assentiu. Seu advogado, Patrick Fitzgerald — ex-procurador federal do Distrito Norte de Illinois — registrou a declaração de inocência e afirmou que era “a honra da minha vida representar o Sr. Comey neste caso”.
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Fitzgerald disse ao juiz que pretende pedir a anulação das acusações, alegando que se trata de uma ação “indevidamente vingativa e seletiva”.
O juiz distrital Michael Nachmanoff marcou o julgamento para 5 de janeiro, com duração prevista de dois a três dias.
A presença do ex-chefe do FBI diante de um juiz federal em Alexandria, Virgínia, marca um momento decisivo na ofensiva de Trump para levar à Justiça adversários políticos. Trump demitiu Comey em 2017, quando ele conduzia uma investigação sobre possível conluio entre integrantes da campanha presidencial de 2016 e a Rússia para interferir na eleição.
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“Não tenho medo”
Após a divulgação da acusação, em 25 de setembro, Comey afirmou em vídeo no Instagram que “não tem medo”. Se condenado, poderá enfrentar até cinco anos de prisão.
Trump havia manifestado publicamente seu desejo de que o Departamento de Justiça processasse Comey poucos dias antes de sua procuradora escolhida, Lindsey Halligan, apresentar as acusações. Em uma postagem nas redes sociais, o presidente pediu à procuradora-geral Pam Bondi que agisse rapidamente contra Comey e outros.
“Não podemos mais esperar, isso está matando nossa reputação e credibilidade. A JUSTIÇA PRECISA SER FEITA, AGORA!!!”, escreveu Trump em 20 de setembro.
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O presidente comemorou a acusação nas redes sociais, alimentando críticas de que o Departamento de Justiça estaria agindo sob influência política. Em uma audiência tensa no Comitê Judiciário do Senado, democratas questionaram se Bondi e outros líderes do departamento estavam cedendo à pressão de Trump para promover processos indevidos.
“A procuradora-geral tem usado sistematicamente a principal agência de aplicação da lei do país para proteger o presidente Trump e seus aliados, e atacar seus opositores e o povo americano”, disse o senador democrata Dick Durbin.
Bondi se recusou a comentar o caso, mas afirmou que a acusação contra Comey não teve motivação política. “Ninguém está acima da lei”, escreveu em uma postagem no X.
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A denúncia contra Comey se concentra em seu depoimento ao Comitê Judiciário do Senado em setembro de 2020. Na ocasião, o senador republicano Ted Cruz, do Texas, citou declarações anteriores de Comey dizendo que nunca autorizou vazamentos de informações sobre investigações relacionadas a Hillary Clinton, candidata democrata em 2016, ou a Trump. Comey reafirmou essa posição.
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