'Desafio é tornar modelo de geração sustentável', diz diretor da Abeeólica

O diretor técnico regulatório da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Francisco Silva, diz que alterações regulatórias precisam ser debatidas para não travar o sistema de geração no Brasil. Leia trechos da entrevista.

Qual o desafio para a geração solar e eólica?

O desafio é que a energia solar e eólica são fontes intermitentes. Você tem horas do dia em que o vento sopra mais ou menos, e o sol gera muito entre 8h da manhã e 15h45, por exemplo, quando o custo da energia fica muito baixo. Hoje, o ponto crítico da expansão dessas fontes é justamente a sustentabilidade desse modelo de geração, porque ele não considera os horários em que a energia é mais barata nem incentiva consumo equilibrado.

E como fazer esse equilíbrio?

Os subsídios só beneficiam quem pode instalar painéis solares. Além disso, podem ser gerados créditos para serem usados em até 60 meses. No entanto, esses créditos são produzidos em horários de baixa demanda e utilizados quando a energia está mais cara. Isso cria um desequilíbrio no sistema, incentivando o armazenamento de energia para deslocar a geração para os horários de maior necessidade.

Qual o impacto financeiro dos subsídios hoje?

Até setembro, foram gerados R$ 12 bilhões em subsídios só para energia solar residencial. Grandes empresas também usam o subsídio para pagar menos energia em data centers, por exemplo, o que significa que o custo acaba sendo repassado a consumidores que não têm geração própria.