Compra de espectro pela Starlink merece atenção das teles, diz especialista

há 1 dia 2
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 Reprodução/KDDIDemonstração do serviço da Starlink direto para celular. Usuário pode mandar SMS, iMessages, compartilhar localização e fazer perguntas ao Gemini. Imagem: Reprodução/KDDI

"Não se deve partir do princípio de que esta estratégia não vai dar certo", diz um dos mais experientes profissionais do mercado de satélites sobre a estratégia recente da Starlink de adquirir espectro da Echostar nos EUA e, com isso, abrir caminho para a oferta de serviços de conectividade, inclusive banda larga, diretamente a partir de seus satélites, sem passar pelas operadoras de telecomunicações. Quem diz isso é Ruy Pinto, brasileiro que foi CTO e até o começo de 2024 era o CEO da SES, a maior operadora de satélites do mundo no modelo tradicional. "Nós mesmos cometemos esse erro, ao analisar pela primeira vez a estratégia da Starlink, e achar que não ia dar certo e que era insustentável. E hoje o que vemos é uma operadora com cinco milhões de clientes, que opera no azul e mudou toda a indústria".

Ruy Pinto, que hoje atua como conselheiro de empresas start-ups no mercado de satélites,  participou do Congresso Latinoamericano de Satélites, organizado pela TELETIME e que acontece esta semana no Rio de Janeiro. Segundo ele, o investimento de US$ 19 bilhões feito pela Starlink no espectro da Echostar não é um movimento qualquer, e tem impacto no mercado de telecomunicações como um todo. Sobretudo para as operadoras de telecomunicações dos EUA, como a T-Mobile, que acreditavam estar protegidas com a parceria com a Starlink para vender os serviços de conectividade direta via satélite. "Não podemos descartar a possibilidade de que, no futuro, a Starlink vá vender seus serviços diretamente ao consumidor e usar as operadoras para fazer roaming quando necessário".

ele lembrou que, em menor escala, outras operadoras de satélite também estão investindo na aquisição de espectro próprio, como é o caso da AST SpaceMobile, que já investiu mais de US$ 1 bilhão em frequências próprias nos EUA, e que esta deve ser uma tendência das empresas, desde que haja capacidade financeira para isso. Para Ruy Pinto, a tecnologia D2D é importante e veio para mudar muitos paradigmas, e não por acaso é hoje foco de atenção dos principais desenvolvedores de handsets.

Espectro e concorrência no Brasil

No Brasil, o movimento da Starlink comprando espectro ainda não tem consequências diretas, mas pode ter. Isso porque a Echostar (controladora da HughesNet) tem espectro de banda S no Brasil. Não se sabe se este espectro está incluído no acordo firmado nos EUA, mas acredita-se que sim. Segundo Kim Motta, gerente de espectro da Anatel, até o momento ainda não houve pedidos de transferência do espectro à agência.

Motta, que também participou do evento no Rio de Janeiro, disse que a nova dinâmica global em que grandes players de constelações de baixa órbita, que já representavam um desafio regulatório, cresce ainda mais com as aquisições de espectro. A expectativa, diz ela, é que a Anatel passe a fazer o acompanhamento do mercado observando também os aspectos concorrenciais, que hoje não são problemáticos no mercado de satélites.

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