ANUNCIE AQUI
O próximo presidente do Chile terá que lidar com um Congresso fragmentado e negociar acordos para avançar com projetos de lei, depois que nem a direita nem a esquerda conquistaram maioria nas eleições de domingo.
O resultado dividido no Legislativo pode representar um obstáculo para a agenda pró-crescimento e de combate ao crime do candidato presidencial conservador José Antonio Kast, favorito para vencer o segundo turno em 14 de dezembro contra a rival comunista Jeannette Jara.
Ainda assim, os mercados reagiram positivamente na segunda-feira com a expectativa de que Kast assumirá como próximo líder da nação sul-americana em março. O peso chileno subiu até 1,8%, enquanto o índice de ações IPSA avançou 2,8%.
Continua depois da publicidade
Na votação, as coalizões de direita conquistaram 76 dos 155 assentos na Câmara dos Deputados, mas podem garantir maioria em questões-chave se conseguirem apoio de parlamentares com ideias semelhantes. Um bloco provável de votos viria do populista Partido de la Gente (PDG), que compartilha a mesma visão sobre combate ao crime e restrição à imigração. O PDG conquistou 14 assentos.
No Senado, a direita ficou com 25 das 50 cadeiras.
“Crucialmente, as siglas de direita não conseguiram atingir maiorias legislativas em ambas as casas do Congresso, o que complica o avanço de sua agenda e exige negociação e construção de consenso com os opositores de esquerda”, escreveram analistas do BTG Pactual em nota a clientes nesta segunda-feira (17). “Ainda assim, constitui um revés relativo.”
A crescente fragmentação no Congresso chileno tem dificultado cada vez mais a governabilidade. O atual presidente Gabriel Boric não conseguiu aprovar reformas importantes que eram pilares de sua campanha, pois sua coalizão não obteve maioria. Kast enfrentaria obstáculos semelhantes.
Nas últimas semanas de campanha, Kast deu a entender que poderia governar por decreto. Seus assessores também destacaram que leis já existentes, se plenamente aplicadas, ajudariam a viabilizar sua agenda de segurança e crescimento econômico.
Sua proposta de reduzir impostos corporativos é uma das que pode enfrentar impasse no Senado. Kast prometeu diminuir o imposto corporativo de 27% para 23% para empresas médias e grandes, com redução adicional de 3% para aquelas que contratarem trabalhadores menos qualificados, em risco de migração para o mercado informal.
Continua depois da publicidade
“Conseguir aprovar isso é mais complexo e exigirá que um eventual governo Kast forme uma maioria legislativa”, escreveram analistas da LarrainVial em nota na segunda-feira. “O avanço nos cortes de gastos ajudaria a reduzir déficits fiscais crônicos, caso a arrecadação se mantenha estável.”
Kast superou outros candidatos de direita para garantir vaga no segundo turno, e recebeu apoio da rival de centro-direita Evelyn Matthei e do libertário Johannes Kaiser no domingo à noite. Ainda assim, obteve menos de um quarto dos votos, o que exigirá negociação para manter esse apoio. O candidato do PDG, Franco Parisi, não declarou apoio após conquistar um quinto dos votos.
“Em 2021, Parisi ficou em terceiro lugar e acabou apoiando Kast, mas os resultados do segundo turno mostraram que mais eleitores escolheram Gabriel Boric. Desta vez, Parisi pode dificultar, tentando capitalizar seu apoio surpreendentemente forte”, escreveram estrategistas do BBVA, incluindo Alejandro Cuadrado, em nota a clientes na segunda-feira.
Continua depois da publicidade
A redução da burocracia no licenciamento ambiental, outro ponto da agenda de Kast, deve ter mais facilidade de aprovação no Congresso. Durante a campanha, quase todos os candidatos manifestaram apoio à simplificação do processo, visto como forma de estimular investimentos.
A flexibilização do licenciamento beneficiaria o setor de mineração, chave para a economia chilena, segundo o BTG. “Esses avanços provavelmente criarão um ambiente favorável ao investimento e gerarão resposta positiva do mercado.”
O Citi, porém, adotou tom cauteloso após a direita não conquistar maiorias claras. O resultado reduz “expectativas de avanço em reformas estruturais” essenciais para o crescimento econômico, escreveram analistas do banco, incluindo Paloma Echeverria Paul, em nota na segunda-feira.
Continua depois da publicidade
© 2025 Bloomberg L.P.

há 1 semana
2







Portuguese (BR) ·