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Operadoras e fornecedoras do mercado de cabos submarinos acreditam que o Brasil pode se tornar um hub no Sul Global para sistemas internacionais do gênero, impulsionado por questões geopolíticas e por incentivos para a instalação de infraestrutura digital no País, como o Redata.
A avaliação foi realizada durante a Futurecom 2025, encerrada na última quinta-feira, 2, em São Paulo. Segundo Rafael Lozano, country manager da EllaLink no Brasil, a disponibilidade de terrenos, o acesso à energia verde e diversidade de pontos de ancoragem potenciais tornam o País atrativo para a chegada de novos sistemas.
A própria operadora tem preparado infraestrutura para dois novos pontos de ancoragem de cabo: um no Pará e outro no Maranhão, ajudando a diversificar rotas do País hoje concentradas em São Paulo e no Ceará. Incentivos do governo como o regime especial para atração de data centers são um fator que pode facilitar investimentos em cabos, avaliam.
"Graças ao Redata, regiões que não estavam conectadas terão condições de jogar. O Brasil poderá se consolidar não só como um consumidor de tráfego, mas como local onde modelos de LLM [modelos de linguagem de grande escala] serão treinados, com condições que os centros de dados precisam", afirmou Lozano, da EllaLink.
Já Ryan Burns, vice-presidente de operações da Seaborn, lembrou que o mercado internacional de cabos tem enfrentando momento de restrições nos oceanos em muitas localidades, como a Ásia e especialmente o Oriente Médio.
Neste sentido, a disponibilidade de terrenos para novos pontos de ancoragem nas Américas é promissora não apenas no Brasil mas em toda a América, o que deve gerar oportunidades também para empresas de data center e fibra óptica, afirma Burns.
"A geopolítica pode nos consolidar como um hub no Sul Global", resumiu Rogério Mariano, diretor da Azion e coordenador do CBPC (Comitê Brasileiro de Proteção de Cabos Submarinos). Ele recordou que desde 2019 o fator geopolítico tem atraído holofotes ao segmento, sobretudo após restrições fixadas pelos Estados Unidos ante a China desde 2019.
Domesticamente, a questão da soberania digital brasileira também tem se tornado aspecto mais relevante, nota Mariano. O aspecto é considerado importante para reduzir a dependência de interconexão do País, hoje ainda concentrada nos Estados Unidos.
Na Futurecom, fornecedores para o setor de cabos como a YOFC e a Ciena também manifestaram expectativa da consolidação do Brasil como hub de cabos no Sul Global. Uma possibilidade é que o País esteja na rota de grandes sistemas de cabos internacionais planejados por gigantes da tecnologia, como Google e Meta.