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O programa europeu de comunicações via satélite IRIS², lançado pela União Europeia (UE), prevê ampliar alianças internacionais e considera o Brasil como um possível parceiro. Segundo o policy officer da Comissão Europeia, Pedro Romero Fernandez, o bloco econômico vê o País como "muito importante" em temas geoestratégicos.
Nesta quarta-feira, 8, durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro, o representante da Comissão Europeia explicou que a UE está aberta a acordos de cooperação com países interessados.
"É claro que, na Europa continental, a capacidade do sistema estará saturada, mas em outras regiões, como a América do Sul e a América Central, haverá espaço disponível para uso governamental. Há abertura para ver como podemos colaborar com países interessados na região. O Brasil é, claramente, um candidato", afirmou.
IRIS²
O IRIS² é uma iniciativa público-privada com investimento total de 10,6 bilhões de euros, sendo 6 bilhões vindos do governo e 4 bilhões de euros, de empresas. O objetivo do programa é atender interesses governamentais e comerciais.
Segundo Pedro Romero Fernandez, isso passa pelo fornecimento de serviços de "comunicação segura" e com arquitetura 5G NTN, bem como permitir a participação de startups e pequenas empresas europeias.
O consórcio prevê a operação de 264 satélites em órbita baixa, 18 em órbita média e 10 em órbita baixa experimental ("Low Leo"), para testar novas tecnologias. Fernandez diz que a constelação será escalável, permitindo adicionar satélites conforme a demanda de novos parceiros, e terá centros de controle e gateways localizados principalmente na Europa continental.
O programa IRIS² deve estar plenamente operacional até 2030. Segundo o representante europeu, o cronograma ambicioso se deve à prioridade de manter a cadeia de aprovisionamento europeia e ao desenvolvimento tecnológico necessário.
O projeto ainda prevê interoperabilidade entre satélites e o compartilhamento de infraestrutura entre setor público e privado. A estratégia por trás disso é garantir capacidade soberana e serviços comerciais escaláveis.
Soberania
Como já apontado por TELETIME, para União Europeia o acordo para a constelação multi-órbita é um passo importante para a soberania do bloco, que vê com preocupação o crescimento norte-americano no segmento espacial – a partir sobretudo da operadora Starlink, de Elon Musk.
No ano passado, inclusive, um relatório assinado pela Comissão já alertava que os países do bloco deveriam urgentemente encorajar a expansão dessa indústria para acabar com a dependência da tecnologia americana.