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O mercado de venture capital na América Latina voltou a acelerar. Após um período de cautela, o ecossistema de inovação regional movimentou US$ 8,7 bilhões em 2024, crescimento de 37% em relação ao ano anterior. O dado vem do relatório da Sling Hub em parceria com o Itaú BBA e revela um protagonismo inequívoco: o Brasil concentra 57% de todo o capital investido em startups da região.
O número consolida o país como epicentro da inovação tecnológica latino-americana, mesmo em um contexto macroeconômico desafiador marcado por juros elevados e instabilidade política.
Fintechs lideram captação, mas deep techs ganham força
Entre os setores que mais atraíram recursos, as fintechs seguem no topo. A tecnologia financeira continua sendo o imã de capital na região, mas uma mudança está em curso: deep techs (tecnologias de ponta com alta complexidade científica) aparecem como vice-líderes, seguidas por healthtechs e retailtechs.
Essa diversificação sinaliza uma maturação do ecossistema. Investidores já não apostam apenas em modelos de negócio voltados para o consumidor final. Agora, soluções B2B, infraestrutura tecnológica e inovações de longo prazo também entram no radar.
Como funciona o dinheiro que move startups
Três modalidades de investimento sustentam esse mercado:
Venture Capital (VC): Fundos que injetam capital médio ou alto em startups já validadas, com tração de mercado e potencial de crescimento exponencial. É o modelo mais tradicional e focado em empresas em estágio intermediário.
Corporate Venture Capital (CVC): Grandes empresas investem em startups para resolver problemas internos, abrir novas frentes de negócio ou se antecipar a disrupções. É uma via de mão dupla: a corporação traz rede e know-how; a startup, agilidade e inovação.
Investidores-anjo: Pessoas físicas que aplicam recursos próprios em startups nascentes, geralmente de empreendedores de sua rede. É o investimento de maior risco e maior retorno potencial: pode multiplicar o capital por mil vezes ou resultar em perda total.
Juros altos não freiam apetite por inovação
Lucas Reis, doutor em Comunicação e investidor em tecnologia e inteligência artificial, destaca uma dinâmica paradoxal: mesmo com juros elevados e incerteza política, o capital segue fluindo para startups com potencial disruptivo.
“Em cenários de instabilidade, há uma migração natural para investimentos mais seguros. Mas o capital de risco não desaparece. Ele se concentra em empresas com modelos exponenciais, capazes de entregar retornos muito superiores aos de outros setores”, explica.
Para Reis, esse movimento revela uma maturidade crescente do mercado brasileiro. Investidores estão mais seletivos, mas também mais dispostos a apostar em inovações transformadoras.
O que muda para empreendedores e investidores
Para startups, ter fundos de venture capital no cap table vai além do aporte financeiro. Significa governança estruturada, mentorias especializadas e acesso a redes estratégicas que aceleram o crescimento.
Para quem quer investir, o caminho varia. Tornar-se investidor-anjo exige rede de contatos consolidada no ecossistema de inovação. Quem não tem esse acesso pode ingressar como cotista de fundos de VC disponíveis no mercado, democratizando o acesso a esse tipo de investimento.