AEB: integrar capacidades é a chave para futuro espacial do Brasil

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presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco ChamonPresidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Chamon. Imagem: Teletime

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Chamon, defendeu nesta terça-feira, 7, no Rio de Janeiro, um novo modelo para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro (PEB).

Durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, o executivo afirmou que o futuro do setor no País está diretamente ligado à "integração das capacidades" já existentes em grandes missões. A proposta busca otimizar recursos e priorizar iniciativas que unam infraestrutura, conhecimento e tecnologia desenvolvidos ao longo da história do programa.

Chamon argumentou que o modelo atual "não é muito sustentável". Ele afirmou que a presença do Estado na área é fundamental; no entanto, também ponderou que a sustentabilidade do programa depende da capacidade de fazer com que "algumas alternativas" (nas quais o governo não é o único cliente) apareçam.

A ideia seria fomentar parcerias com o setor privado, onde o Estado continua sendo um cliente importante, mas não o único — como forma de garantir desenvolvimento da indústria nacional por meio do poder de compra brasileiro.

O presidente da agência também abordou o dilema entre a urgência e o desenvolvimento a longo prazo. Ele argumentou que, para resolver necessidades imediatas, muitas vezes o País recorre a aquisições do exterior.

"Se nos apoiarmos simplesmente nas aquisições para resolver a urgência, a gente não faz o importante". Chamon defendeu que o Brasil precisa equilibrar ambos os aspectos, mantendo "alguma capacidade própria de produção dos nossos próprios dados" e focando no que é "efetivamente estratégico".

Aplicações

Para o presidente da AEB, o Brasil está em um bom momento para iniciar com foguetes pequenos e explorar constelações menores com "poucas dezenas de satélites", aproveitando o surgimento dessas tecnologias.

Ele enfatizou que o governo não precisa construir todos esses equipamentos, mas que as empresas privadas "não conseguem fazer isso autonomamente", pois dependem da infraestrutura do Estado. Dessa forma, a proposta seria uma parceria que promova aplicações no setor privado, especialmente na geração de dados e informações sobre o território e conectividade.

Também presente no debate, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Antonio Miguel Monteiro, afirmou o Brasil não deve seguir o modelo de potências como Estados Unidos, China ou Europa, mas sim focar em um programa "sustentado de satélites de observação da Terra para clima e ambiente do nosso tamanho".

Ele concordou com a necessidade de um programa sustentável, que inclua o "ciclo completo" de uma missão: não apenas a construção do satélite, mas também a entrega de produtos prontos para uso e análise, o que está em linha com a visão de Chamon sobre a necessidade de aplicações.

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